Espinossauro foi o primeiro dinossauro a nadar, mostra estudo

Erik Behenck
Este estranho espinossauro foi o primeiro dinossauro a nadar, mostra estudo. ( ILUSTRAÇÃO: DAVIDE BONADONNA NIZAR IBRAHIM, UNIVERSITY OF DETROIT MERCY)

Que o Espinossauro aegyptiacus é um dos dinossauros mais estranhos já descobertos, não há dúvidas. O antigo predador, que chegava a pesar até 7 toneladas. Com 15 metros de comprimento, ele tinha uma boca parecida com a dos crocodilos atuais, cheia de dentes cônicos. Ao longo de décadas as adaptações de seu corpo acabaram em uma longa cauda estreita.

Mas, uma nova descoberta muda completamente a forma como o animal é visto. Novos fósseis encontrados formam uma cauda quase completa, a primeira já achada. Aliás, o apêndice é semelhante a uma raquete óssea gigante.

A cauda do gigante espinossauro

Até hoje, essa cauda é a adaptação aquática mais antiga já encontrada em um dinossauro. Assim, a sua descoberta foi realizada no Marrocos, aumentando a nossa compreensão sobre o período Jurássico e Cretáceo, onde esses gigante dominavam a Terra.

A calda deste antigo réptil é semelhante a um remo. Em seu final praticamente não existiam ossos, deixando essa cauda ondular de um lado para outro, impulsionando o animal por meio da água. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que o espinossauro tenha percorrido todo o ecossistema fluvial da região onde hoje fica Casablanca.

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“Este era basicamente um dinossauro tentando construir um rabo de peixe”, diz o explorador emergente da National Geographic, Nizar Ibrahim, principal responsável pela pesquisa. Aliás, quem sabe ela tenha o ajudado a caçar os enormes peixes da época.

Em 2014 um grupo de pesquisadores liderados por Ibrahim afirmaram que o espinossauro foi o primeiro dinossauro semiaquático. Assim, acabou gerando questionamentos de colegas da profissão, alguns pensavam que era um indivíduo único em vez do próprio espinossauro.

Um osso da pata do espinossauro, ainda presa no arenito vermelho, no sítio de escavação em Marrocos. O fóssil de dinossauro aqui desenterrado é o terópode do Cretáceo mais completo alguma vez encontrado no norte de África.  FOTOGRAFIA DE PAOLO VERZONE/NATIONAL GEOGRAPHIC
Um osso da pata de um espinossauro, ainda presa no arenito vermelho, em um sítio de escavação no Marrocos. O fóssil de dinossauro aqui desenterrado é o terópode do Cretáceo mais completo alguma vez encontrado no norte de África. (FOTOGRAFIA DE PAOLO VERZONE/NATIONAL GEOGRAPHIC)

Outros animais evoluíram naquela época

Os pesquisadores acreditam que o espinossauro viveu entre 95 e 100 milhões de anos atrás, durante o Cretáceo. Aliás, naquela época outros répteis evoluíram para viver em ambientes marinhos, como os ictiossauros, parecidos com golfinhos e os plesiossauros de pescoço longo.

Agora com as análises da cauda, são fortes os argumentos de que o espinossauro não somente visitava a costa, como andava pela água com tranquilidade. Além disso, informações sugerem que eles passaram um bom tempo submersos.

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Outros cientistas avaliaram o estudo e concordaram que essa cauda coloca algumas dúvidas quanto ao caso do espinossauro semiaquático. “Isso certamente é uma surpresa”, diz o paleontólogo da Universidade de Maryland Tom Holtz, que não esteve envolvido no estudo.

Um animal adaptado a água

Com a cauda praticamente completa, Ibrahim e seus colegas estão convencidos de que o animal realmente era um nadador. Pesquisadores de Harvard foram acionados, para auxiliar com a construção de um modelo que pudesse comprovar a funcionalidade da cauda do espinossauro.

espinossauro
O modelo montado para reproduzir os movimentos da cauda. Descoberta envolvendo cauda do espinossauro é surpreendente. Foto: Paolo Verzone/National Geographic

Um robô chamado “Flapper” foi utilizado, dando vida aos movimentos. Dessa forma, identificaram que era oito vezes mais forte do que outros dinossauros terópodes.

Portanto, essa conclusão diferencia o gigante de outros dinossauros que já viviam na água, descritos desde 2014.

O espinossauro é conhecido há mais de um século, já que entre 1910 e 1914 o paleontólogo e aristocrata bávaro Ernst Freiherr Stromer von Reichenbach fez expedições ao Egito, onde encontrou pedaços da criatura. Mas, essa última descoberta foi a mais marcante.

Essa pesquisa foi publicada na revista Nature, confira aqui.

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