Em pesquisa pioneira, cientistas criam ratos resistentes ao envelhecimento

Milena Elísios
(Imagem: Crevis / Shutterstock.com)

Um grupo de pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha (CNIO) mostraram que é possível prolongar a vida dos ratos, sem a necessidade de se utilizar nenhuma tecnologia de modificação de genes.

Os pesquisadores relataram suas descobertas na revista Nature Communications, o estudo se mostrou promissor com diversos resultados positivos; os camundongos viveram por mais tempo e com melhor saúde do que seria esperado para suas espécies, além de estarem livres de condições relacionadas ao envelhecimento, como câncer e obesidade.

Tudo isso sem a necessidade de edição de genes 

A descoberta mais importante para a equipe foi que o aumento da expectativa de vida e dos benefícios à saúde foi alcançado pela primeira vez sem a necessidade de modificação genética.

A descoberta é o resultado de um estudo lançado há alguns anos atrás que visava investigar camundongos com telômeros hiper longos. Os telômeros formam o fim dos cromossomos no núcleo das células e protegem a integridade genética do DNA. Cada vez que uma célula se divide, os telômeros diminuem um pouco, então uma característica do envelhecimento é a diminuição no comprimento dos telômeros nas células.

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Grupo de Telômeros e Telomerase da CNIO já demonstrou em vários estudos que interromper o encurtamento dos telômeros ativando a enzima telomerase, que aumenta os telômeros, combatem o envelhecimento, sem causar efeitos adversos à saúde. Até agora, esses experimentos foram baseados em técnicas que alteravam a expressão gênica. Por exemplo, há alguns anos, o grupo desenvolveu uma terapia genética que promove a síntese da telomerase e a usou para gerar camundongos que vivem 24% mais que o normal, sem desenvolver câncer ou outras doenças relacionadas à idade.

Mas dessa vez, os pesquisadores não precisaram usar nenhuma tecnologia de alteração de genes.

Gerando o dobro de Telômeros

Há uma década pesquisadores experimentaram células-tronco pluripotentes induzidas (IPS), que são células-tronco retiradas de pessoas adultas que tiveram sua pluripotência (capacidade de se diferenciar em outros tipos de células) restaurada. Os pesquisadores descobriram que uma vez que as células se dividiram em cultura um certo número de vezes, elas adquiriram telômeros com o dobro do comprimento usual. Intrigados com os resultados, eles investigaram se o mesmo poderia ser alcançado em células-tronco embrionárias normais que foram extraídas de blastócitos e cultivadas.

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A equipe descobriu que, durante a fase de pluripotência, certas marcas epigenéticas na cromatina telomérica ajudam a prolongar a telomerase. Isso permitiu a geração de células embrionárias com telômeros duas vezes maiores que o normal. Em seguida, a equipe quis descobrir se essas células embrionárias com telômeros estendidos poderiam gerar camundongos vivos, o que o grupo demonstrou que realmente poderia fazer alguns anos atrás. 

No entanto, os camundongos utilizados nos primeiros testes foram quimeras, com cerca de 30 a 70% das células em seus corpos compostas por células de telômeros estendidos. Os ratos estavam com boa saúde, mas a equipe não podia descartar que a boa saúde poderia ser atribuída ao bom funcionamento das células inalteradas que tinham telômeros normais. Agora no novo estudo, publicado na Nature Communications, os pesquisadores mostram que conseguiram gerar camundongos com telômeros hiper longos em todas as células de seus corpos e sem nenhuma modificação genética. As marcas epigenéticas na cromatina telomérica facilitam o alongamento dos telômeros na fase de pluripotência, modificando o trabalho dos genes, mas sem alterá-los.

FONTE / News Medical

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