Especialistas recomendam 5 hábitos para aumentar a curiosidade

Daniela Marinho
Imagem: Canva

A curiosidade, ao longo do tempo, tem sido retratada em mitos e histórias, carregando consigo uma opinião desfavorável. No Livro do Gênesis, encontramos a narrativa em que a curiosidade de Adão e Eva os impulsionaram a provar o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, gerado em uma maldição não apenas para si mesmos, mas também para as gerações futuras.

Em outra região do mundo, Pandora, de maneira semelhante, amaldiçoou a humanidade ao abrir sua caixa fatídica, enquanto os marinheiros audaciosos que se permitiam ouvir o canto das sereias tinham seus navios lançados contra as rochas.

Como se toda essa desventura não bastasse, a famosa expressão “a curiosidade matou o gato” ainda ecoa, ensinando uma crença difundida de que a curiosidade pode levar a consequências dramáticas e perigosas.

A curiosidade é deveras vantajosa

É importante compreender que esses relatos míticos sobre curiosidade e suas consequências são meramente figuras lendárias. Na realidade, a curiosidade tem se mostrado como um elemento crucial para o sucesso humano. Conforme apontado pelo jornalista Ian Leslie em seu livro “Curious”, o Iluminismo abraçou a busca por conhecimento como nunca antes, desencadeando uma explosão histórica de novas ideias e inovações.

Além disso, há um crescente corpo de prova que ressalta a importância de abraçar a curiosidade em relação ao nosso bem-estar. Pesquisas indicam que a curiosidade está associada a benefícios pessoais, tais como maior criatividade, satisfação com a vida, desempenho acadêmico e realização no trabalho.

De acordo com os psicólogos Todd Kashdan e Paul Silvia um experimento mental pode ser feito: “Imagino como seria a vida sem a experiência da curiosidade. Não haveria exploração de si mesmo e do mundo, introspecção, busca de significado na vida, apreciação estética, buscas científicas, inovação e, até certo ponto, crescimento pessoal”.

Dito isso, como é possível cultivar a curiosidade e ser, portanto, mais curioso? Especialistas fornecem 5 dicas essenciais.

1. Entenda suas motivações

Kashdan e Silvia explicam que “Quando estamos curiosos, estamos fazendo as coisas por si mesmas e não estamos sendo controlados por pressões internas ou externas sobre o que devemos ou não fazer”. Isso significa que para ser mais curioso é necessário explorar as atividades, mistérios e assuntos que despertem o interesse pessoal.

Assim sendo, a curiosidade é uma motivação intrínseca, na qual a busca pelo novo, desafiadora e incerta é inerentemente prazerosa, não sendo motivada por recompensas ou objetivos finais específicos.

2. Esteja perto de pessoas curiosas

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Participar de clubes do livro é uma maneira de de explorar novos conceitos e conhecer pessoas curiosas. Imagem: Canva

Outra dica para cultivar a curiosidade é cercar-se de pessoas curiosas. Os ambientes sociais estão repletos de pessoas que desejam ampliar seus conhecimentos e desbravar assuntos desconhecidos.

Além do mais, Kashdan e Silvia mencionam pesquisas que indicam que a curiosidade auxilia na construção e fortalecimento dos laços sociais, através de comportamentos pró-sociais, como engajamento e capacidade de resposta. Em relacionamentos, os parceiros que proporcionam maior auto-expansão são considerados mais atrativos.

3. Faça perguntas que expandam o mistério

As perguntas são os principais impulsionadores da curiosidade. Contudo, “nem todas as questões são criadas igualmente. Se você deseja obter uma saída diferente, precisa fazer um conjunto diferente de perguntas”, como explica a consultora Natalie Nixon.

Desse modo, Nixon categoriza as perguntas em dois tipos: divergentes e convergentes. Perguntas divergentes se espalham em vários alvos, explorando o misterioso. Já perguntas convergentes seguem em uma direção específica, buscando respostas precisas. Ambos os tipos têm sua utilidade, mas começar com perguntas divergentes é mais encorajador para despertar a curiosidade e acolher a descoberta, enquanto as perguntas convergentes tendem a consolidar o conhecido.

4. Seja um “estudante desajeitado”

Nixon recomenda encontrar uma área na vida em que você possa ser um “estudante desajeitado”, buscando aprender e adquirir novas habilidades de forma intrinsecamente gratificante. Isso pode envolver atividades como jardinagem, carpintaria, observação de pássaros ou tocar um instrumento musical.

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Imagem: Getty Images

Ao se envolver nessas atividades, você descobre que o conhecimento adquirido e as habilidades dominadas são uma verdadeira recompensa. Isso também aumenta sua confiança para fazer perguntas novas e diferentes, permitindo que você continue aprendendo e explorando.

5. Faça da curiosidade sua própria recompensa

Quando consideramos a gratificação da curiosidade e buscamos respostas, uma região do nosso cérebro chamada área tegmental ventral é ativada. Essa área não apenas regula a busca por recompensas, mas também está envolvida no aprendizado, na memória e no comportamento viciante.

Ao sermos expostos a estímulos curiosos, essa região libera dopamina, um hormônio associado ao bem-estar. Quanto mais ativamos esse “sistema de busca”, mais fortalecemos as conexões neurais relacionadas a ele. Com o tempo, a curiosidade se torna não apenas um hábito, mas também uma fonte cada vez mais gratificante e satisfatória.

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