Corticoide salva a vida de pacientes com coronavírus em estado crítico, diz OMS

Amanda dos Santos
Há evidências de que corticoides ajudam a salvar a vida de pacientes com COVID-19. Foto: Unsplash.

Há ainda mais evidências de que os corticoides, baratos e amplamente disponíveis, podem ajudar a salvar a vida de pacientes com coronavírus em estado crítico.

Em uma nova análise com dados de sete ensaios clínicos, os medicamentos reduziram o risco de morte entre os pacientes em um terço, em comparação com pacientes que receberam apenas o tratamento padrão.

Atualização das diretrizes de tratamento

covid-19

Com base na análise, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou suas diretrizes de tratamento para corticoides.

Agora, a recomendação é que os pacientes com infecção grave por COVID-19 recebam os medicamentos por sete a dez dias como seu novo padrão de tratamento.

Aqueles com infecções leves não devem receber corticoide, porque os dados atuais indicam que ele provavelmente não obteria benefícios e ainda poderia causar danos, afirmam as diretrizes.

A nova análise foi publicada dia 2 de setembro no Journal of the American Medical Association (JAMA).

Corticoide e o coronavírus

corticoide e o coronavirus

Inicialmente, alguns estudos já apontavam indícios de que os corticoides poderiam salvar a vida de pacientes com COVID-19.

Por exemplo, dados da China, publicados em março no JAMA Internal Medicine, sugeriram que os corticoides poderiam reduzir as mortes entre pacientes com coronavírus com a “síndrome do desconforto respiratório agudo” (SDRA) – quando os pulmões ficam gravemente inflamados.

Em junho, pesquisadores do Reino Unido relataram que o corticoide dexametasona reduziu a taxa de mortalidade entre os pacientes com COVID-19 que necessitavam de oxigênio, seja por meio de ventilação ou métodos menos invasivos. Mas essa pesquisa ainda não foi revisada por pares.

Então, sem acesso a todos os detalhes do estudo, os médicos não tinham certeza se deviam começar a usar dexametasona em pacientes hospitalizados com COVID-19.

E, se utilizado, não sabiam como implementar na prática, escreveram os professores de medicina Hallie Prescott e Todd Rice em um editorial sobre a nova análise, também publicado no JAMA.

Dexametasona

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Desde que o relatório no Reino Unido foi publicado, houve uma adoção generalizada de corticoides no tratamento de pacientes criticamente enfermos com COVID-19.

Quem relata esse aumento é a Dra. Nahid Bhadelia, diretora médica da Unidade de Patógenos Especiais da Escola de Medicina da Universidade de Boston, ao Stat News.

“Isso é particularmente verdadeiro em muitos países com recursos limitados onde trabalho”, ela observa, visto que a dexametasona é fácil de obter e barata.

A dexametasona atua suprimindo o sistema imunológico e reduzindo a inflamação no corpo.

Ela é comumente prescrita para psoríase, artrite reumatóide, asma e alguns tipos de câncer, como leucemia.

Na nova análise, os pesquisadores viram ensaios que testavam a dexametasona ou um dos outros dois esteróides, hidrocortisona e metilprednisolona.

Enfim, todas as drogas amortecem a resposta imune, causam a constrição dos vasos sanguíneos e ajudam a reduzir a fibrose ou o desenvolvimento de tecido cicatricial espesso, de acordo com o editorial do JAMA.

Ainda de acordo com a análise, todos os três esteroides reduziram a mortalidade do paciente em taxas semelhantes: no geral, uma redução de 34% no risco de morte entre pacientes gravemente enfermos em comparação com aqueles que receberam o tratamento padrão, relatou o Stat News.

Então, os benefícios dos corticoides superam os riscos para pacientes críticos com COVID-19, embora o limite exato em que um paciente individual deva receber corticoides permaneça obscuro, escreveram Prescott e Rice no editorial.

Com informações da Live Science.

 

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