Após 400 anos, cabra mumificada é descoberta nos Alpes

Ruth Rodrigues
(Imagem: Comando Truppe Alpines)

Durante um passeio pelos Alpes, um esquiador foi surpreendido ao encontrar algo enterrado no gelo. A criatura em questão era uma cabra mumificada, que deveria estar andando pelo local 400 anos atrás, mas que foi soterrada pela neve e presa em uma geleira durante séculos.

O corpo congelado do animal foi achado somente agora devido ao recuo das geleiras nas montanhas. No entanto, mesmo sendo encontrado casualmente, os pesquisadores estão animados com essa nova descoberta.

Alpinista encontra uma cabra de 400 anos

A carcaça que foi encontrada pertence a uma espécie de cabra nativa das montanhas da Europa. O esquiador Hermann Oberlechner estava em Val Aurina, Tirol do Sul, na Itália, cerca de 6 horas da civilização, quando avistou algo semelhante a um couro no chão que chamou a sua atenção.

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Em um comunicado a Eurac Research, Oberlechner relatou que “a pele parecia couro, totalmente sem pelos; nunca tinha visto nada assim. Imediatamente tirei uma foto e mandei para o guarda-florestal, juntos notificamos o Departamento de Patrimônio Cultural”.

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A camurça mumificada é completamente sem pelos, com a pele de couro. (Imagem: Comando Truppe Alpine)

Essa nova descoberta foi comparada com um outro caso, ocorrido em 1991, quando um casal de alpinistas encontraram a Múmia de Similaun (Ötzi), datada em 5.300. A semelhança entre os casos de múmias sendo encontradas no gelo aguçam a curiosidade dos pesquisadores.

Os cientistas poderão utilizar os corpos preservados como uma nova ferramenta para compreendermos melhor acerca do DNA antigo. Visto assim, a cabra mumificada será usada como um piloto na construção de um protocolo para múmias congeladas pelas ações naturais, válido para todo o mundo.

A cabra mumificada e sua importância

Para que o animal não sofresse ainda mais danos, sua coleta do gelo foi realizada por especialistas que guiaram todo o procedimento.

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O animal havia sido soterrado a 3.200 metros de altitude, e seria necessário cuidados mais sutis durante a descida. Primeiro, foram convocados a infantaria de montanha do Exército italiano, o Alpine Army Corps. Logo após, foi idealizado um método simples que pudesse servir como uma proteção ao corpo do animal.

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Caixa especial para o transporte da carcaça encontrada. (Imagem: Comando Truppe Alpine)

Assim, foi construído uma caixa espacial para que a carcaça fosse transportada pelo helicóptero, de forma segura. Seu destino final foi o Laboratório de Conservação da Eurac Research, armazenada em uma câmara refrigerada a -5 ° C. A preocupação dos especialistas deve-se ao fato de que, enquanto houver gelo, se existirem mais exemplares de múmias no local, ficarão salvas.

Marco Samadelli, especialista em conservação da Eurac Research, acredita que “com análises aprofundadas, nós vamos verificar quais alterações o DNA sofre quando as condições externas mudam. Graças aos nossos estudos anteriores, conhecemos os parâmetros físicos e químicos ideais para a preservação do ponto de vista microbiológico”.

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O problema real é quando as geleiras derreterem. Ou seja, as carcaças estão localizadas em grandes altitudes, de difícil acesso. O ideal para o momento é que seja encontrado um protocolo para preservar o DNA antigo, para ser estudado posteriormente. No mais, o exemplar da cabra mumificada é um grande passo para que sejam feitos mais estudos e mapeamentos na região dos Alpes.

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