Este texto de 2.200 anos pode ser o mais antigo atlas humano

Ruth Rodrigues
(Imagem The History Collection / Alamy Stock Photo)

Até o momento, acreditava-se que o atlas humano mais antigo, que descreve a anatomia humana, havia sido escrito por antigos médicos gregos, como o Herófilo (335-280 AEC) e Erasístrato (304-c.250 AEC). Entretanto, os anos se passaram e os escritos foram perdidos. Parte do conhecimento, contudo, ficou registrada na história, e foi repassado adiante por autores vindouros.

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Algum tempo mais tarde, mais especificamente em 1970, pesquisadores encontraram uma série de textos que, pelas análises, datam de 2.200 anos atrás. As escrituras estavam conservadas em tumbas no local de Mawangdui, no centro-sul da China, no túmulo do Marquês Dai, sua esposa, Lady Dai e seu filho.

atlas humano

Os pesquisadores ainda não conseguiram identificar tudo o que há nos textos, uma vez que foi escrita é deveras complicada, pois trata-se do Chinês original. Mesmo assim, alguns termos como “meridiano”, deixam evidentes que fazem referência ao corpo humano. As primeiras impressões e todo o processo de identificação do atlas humano mais antigo, foram publicadas na revista The Anatomical Record.

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Uma das descobertas ao decifrarem partes do texto, são as explanações sobre a prática de acupuntura. Com essa evidência, é quase tido como concreto, que desde aquela época, os chineses já introduziam agulhas pelo corpo, como procedimento medicinal. Para os autores, “a descoberta desafia a crença generalizada de que não há base científica para a ‘anatomia da acupuntura’”.

A equipe foi liderada por Vivien Shaw, professora de anatomia da Bangor University, no País de Gales, no Reino Unido. E mesmo com toda a experiência, ainda assim não foi possível decifrar tudo o que está detalhado nos textos. Para que essa tradução seja feita corretamente, é necessário que o pesquisador tenha domínio do Chinês original e dos termos anatômicos antigos.

O atlas humano mais antigo e seus conceitos distorcidos

Por mais que seja um trabalho minucioso e que requer muita atenção, a equipe de Shaw fez pequenos avanços quanto ao que está escrito nos textos. Em um trecho do que foi traduzido, pode ser lido algumas palavras que definem o termo “meridiano”. A descrição seria: “no centro da palma da mão, vai ao longo do antebraço entre os dois ossos. Seguindo direto ao longo dos tendões, segue abaixo do tendão no bíceps, na axila e se conecta com o coração”.

Entretanto, essa definição é algo errôneo. O que foi descrito como “meridiano”, na verdade seria o trajeto da artéria ulnar, tida como o principal vaso sanguíneo do antebraço. Uma outra descrição sobre “meridiano” foi encontrada no atlas humano antigo. Mas dessa vez, fazia referência a anatomia do pé.

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“Começa no dedão do pé e corre ao longo da superfície medial da perna e da coxa. Conecta-se ao tornozelo, joelho e coxa. Viaja ao longo dos adutores da coxa, e cobre o abdômen”. Porém, se fôssemos utilizar essa definição nos dias atuais, os pesquisadores revelam que o conceito seria para caracterizar o “caminho da veia safena longa”.

Dessa forma, os especialistas puderam concluir que as escrituras “representam o atlas humano mais antigo, projetado para fornecer uma descrição concisa do corpo humano para estudantes e praticantes de medicina na China antiga”.

Com informações de Live Science.

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