O plantio de árvores pode não ser a melhor maneira de restaurar florestas

Amanda dos Santos
Imagem: Pixabay

As melhores e mais diversas florestas seriam as que têm o plantio de árvores, até então. Algo que esses incríveis ecossistemas vêm fazendo há centenas de milhões de anos, mas defensores do meio ambiente no Reino Unido apontam para outra direção.

Um novo relatório da organização ambiental sem fins lucrativos Rewilding Britain traz o argumento que as árvores só devem ser plantadas por humanos se a regeneração natural for improvável ou se for demorar muito. Ou seja, primeiro devemos tentar preparar e proteger a terra para um crescimento normal.

A ideia em si não é nova nos círculos de conservação, nem é uma tática em discussão apenas no Reino Unido. Embora o plantio de árvores traga muitos benefícios para o ambiente local e para o clima amplamente, os melhores resultados dependem do que, quando, onde e como a árvore é plantada e cuidada.

Cuidados com o plantio de árvores

Hoje, as tentativas de reflorestamento rápido frequentemente produzem monoculturas ou espécies de árvores invasoras, assim reduzindo a biodiversidade local e o acesso à terra, água ou alimentos nas comunidades vizinhas.

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Mesmo quando se trata de sequestro de carbono, os especialistas dizem que a qualidade de uma floresta pode ser mais importante do que a quantidade de árvores. Porém, as pesquisas nesse campo ainda são limitadas.

Nos últimos anos, o plantio de árvores emergiu como uma estratégia de conservação popular em todo o mundo, por isso muitas políticas governamentais nem tentam permitir a regeneração natural, sendo que ela é mais barata e tende a ter melhores resultados ambientais.

Portanto, recentemente o Reino Unido anunciou vários esquemas de plantio de árvores, incluindo a promessa de cobrir 30.000 hectares de terra com o novo crescimento. Mas a Rewilding Grã-Bretanha quer uma abordagem mais abrangente e direta e está pedindo aos funcionários do governo que incentivem explicitamente a regeneração natural em suas políticas de reflorestamento.

“Não podemos substituir nossas florestas perdidas plantando sozinhos”, argumenta a executiva-chefe Rebecca Wrigley.

Florestas crescem sozinhas

Assim, proteger fragmentos de florestas antigas e permitir a regeneração natural das árvores em grande escala é a maneira mais eficaz de reverter a triste sorte de inúmeras florestas e bosques mutilados. Beneficiando as pessoas, a natureza e o clima.

Deixar que as florestas cresçam sozinhas também pode ser muito mais barato a longo prazo, especialmente em comparação com os custos de manejo de espécies invasoras. Logo, impede surtos de doenças importadas. Em situações em que as florestas estão muito distantes para o crescimento natural, as sementes de árvores nativas podem ser semeadas no solo.

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Algumas pessoas não gostam da aparência do cerrado subsequente, mas é esse tipo de terreno que fornece o melhor habitat para as árvores jovens criarem raízes. Quando essas florestas começam a crescer, seus benefícios são numerosos.

Além do mais, um estudo recente publicado em setembro de 2020 descobriu a regeneração natural atuando muito melhor no sequestro de carbono do que o ativo plantio de árvores. Se o mundo reservasse 1,67 bilhão de acres para as florestas crescerem e se espalharem, o estudo estimou que as árvores e o solo absorveriam cerca de sete anos das atuais emissões de carbono até 2050. Assim, tornando-se a maior solução climática natural nas mãos da humanidade.

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