Qual é o papel do apêndice em humanos?

Ruth Rodrigues
Apêndice é um órgão útil ao ser humano. (SUA)

Para muitos, esse órgão é considerado como sendo algo inútil oriunda da evolução humana. Isto é, nem todos os indivíduos nascem com o apêndice em seu organismo. Segundo os dados disponíveis, a cada 1 de 100.000 pessoas, não o possuem, enquanto a pequena parcela que possui, está susceptível a sofrer de apendicite, uma inflamação ocasionada nesse órgão.

Após longas discussões, estudos recentes finalmente conseguiram desvendar quais são as funções desse órgão para o corpo humano. Para Charles Darwin, a presença desse órgão como parte do organismo vivo se dava pelo fato de nossos ancestrais comerem folhas. Isto é, de acordo com o naturalista, a presença desse órgão facilitava a digestão da folhagem, evitando possíveis doenças.

Apêndice: seu papel na microbiota intestinal e no sistema imunológico

William Parker, professor da Duke University School of Medicine em Durham, publicou um artigo em 2007, que contradiz a proposta de Darwin, de que esse órgão era algo inútil gerado pela evolução. A descoberta feita relata que, tal órgão funciona como um reservatório para as bactérias úteis para o organismo, aquelas que ajudam a digerir os alimentos, possam ser depositadas.

No apêndice existe uma alta concentração de linfoide. Ou seja, é nesse tecido em que ocorre a geração de glóbulos brancos, também conhecidos como linfócitos. Trata-se de células de defesa, que promovem o fortalecimento do sistema imunológico contra a invasão de possíveis patógenos.

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apêndice
Diagrama ilustrando o mecanismo pelo qual o sistema imunológico humano participa da manutenção de um reservatório protegido de bactérias intestinais saudáveis ​​no apêndice. Nele e a partir dele, as bactérias geram um biofilme que participa da imunidade intestinal. Fonte: © R. Randal Bollinger et al. 2007

Portanto, a ideia é que, tais células sejam oriundas desse órgão, e no momento em que um invasor chega ao corpo, são enviadas até o local. De acordo com as pesquisas realizadas, a presença desse órgão foi datada há mais de, pelo menos, 80 milhões de anos nos mamíferos. Quanto a sua evolução, os cientistas acreditam que houve cerca de 32 modificações ao longo de todo esses anos, em diversas espécies, tais como: orangotangos, ornitorrincos, coalas, castores, porcos-espinhos e peixes-boi.

Para Parker, “quando olhamos para as espécies que tinham apêndice, não encontramos nada em comum na dieta. Nem qualquer informação sobre suas interações sociais ou estilos de vida. Mas as espécies que tinham apêndice tinham uma alta concentração de tecido. Sistema imunológico naquela área, então dada essa semelhança, pode-se assumir uma função comum”.

Quais as consequências de nascer sem esse órgão?

Se o apêndice tivesse desaparecido anos atrás, principalmente nos primórdios da humanidade, o número de mortes por doenças infecciosas seria ainda maior. Dessa forma, os cientistas estimam que, no decorrer dos últimos milhões de anos, um sistema fisiológico evoluiria lentamente. Para que pudesse se aperfeiçoar, enquanto mantinha a sua função e evitava um maior número de mortos.

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Nos tempos mais remotos, como fora o período do desenvolvimento da agricultura, as pessoas vivem em grupos, possibilitando ainda mais as chances de adquirir doenças. Afinal, naquela época, o saneamento era bastante precário, fazendo com que as doenças se espalhassem ainda mais rapidamente. Portanto, sem o apêndice, a população que existe atualmente, poderia ter sido reduzida, caso esse órgão tivesse desaparecido.

Os artigos científicos estão publicados nas revistas Science e Elsevier.

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