Animal marinho em formato de clipe de papel podia viver 200 anos

Amanda dos Santos
Diplomoceras maximum, animal marinho. Imagem: Jonathan R. Hendricks para Digital Atlas of Ancient Life e Paleontological Research Institution.

As espécies marinhas costumam ter forma mais hidrodinâmica para perseguir e escapar de presas/predadores na água. Pelo menos, é o que considera a teoria da seleção natural de Darwin. Mas, no final do Cretáceo, era esse animal marinho que estava nadando no oceano com sua forma de clipe gigante.

Antes de tudo, o nome dele é Diplomoceras maximum. A criatura se parece com uma lula em espiral calcificada. O animal marinho viveu 68 milhões de anos atrás e tinha cerca de 1,5 metro de comprimento.

Ele é membro da classe de cefalópodes tentáculos conhecidos como amonites. Embora ainda haja muito mistério relacionado à esses animais marinhos estranhos, uma nova pesquisa anunciada em uma reunião online descobriu evidências novas de uma expectativa de vida bem longa dessas criaturas. A pesquisa é da Sociedade Geológica da América.

Expectativa de vida do animal marinho

Linda Ivany, da Syracuse University em Nova York, e a colega Emily Artruc investigaram assinaturas químicas em espécimes de D. maximum ao realizarem a descoberta.

Assim, testando amostras de um fóssil, elas se concentraram nos isótopos de carbono e oxigênio ao longo da seção de 50 centímetros da concha. Enfim, descobriram um padrão repetitivo em suas assinaturas isotópicas.

Portanto, a tradução dos pesquisadores para isso é a liberação anual de metano do fundo do mar. Micróbios que decompõem a matéria orgânica o expelem.

Ivany e Artruc reconheceram as assinaturas se alinhando com cristas ao longo do trecho da concha. Isso indica que cada crista da concha representa um ano muito parecido com anéis dentro do tronco de uma árvore. A suposição se ajusta conforme as conchas crescem a cada ano.

D. maximum
D. maximum. Fonte: Digital Atlas of Ancient Life

Logo, elas concluíram como interpretação lógica que esses animais marinhos tinham uma expectativa de vida de cerca de 200 anos.

Porém, as espécies de cefalópodes têm vida curta e duram apenas alguns anos. Nautilus duram algumas décadas e crustáceos podem viver séculos. Mas D. maximum era um cefalópode, ou seja, sua idade foi uma surpresa.

O metabolismo lento pode sustentar a vida em águas frias, onde a comida é escassa. Esse era seu ambiente ao redor da Antártica. Afinal, a característica fisiológica também foi associada à longevidade em animais como o tubarão da Groelândia.

É cedo para saber como e por que essas criaturas sobrevivem por tanto tempo. Mas a revelação de sua expectativa de vida abre portas para o melhor entendimento de sua ecologia.

Ainda mais, trouxe uma nova iluminação sobre o curioso caso da amonita em forma de clipe de papel.

Amonites irregulares

Esse animal marinho se encaixa nos heteromorfos que são enrolados irregularmente. Enquanto a maioria dos ammonóides tinha conchas planispirais, formas muito diferentes de conchas evoluíram de alguns grupos de amonita.

D. maximum surgiu na época cretácea e foi descoberto na Ilha de Seymour, Antártica. Hoje, está em exposição no Museu da Terra, em Ithaca, Nova York, com seu comprimento total de aproximadamente 4 metros.

O estudo científico foi publicado no periódico The Geological Society of America.

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