Cientistas criaram um aneurisma vivo com sangue e células humanas

Amanda dos Santos
Aneurisma com células endoteliais (verdes) e um coágulo (vermelho). (Elisa Wasson)

O aneurisma cerebral consiste em um vaso sanguíneo no cerébro que incha de modo silencioso, com o risco de se romper, um dia. Esse rompimento pode ser fatal.

É difícil alcançar os vasos sanguíneos no cérebro, o que impede a avaliação de melhores chances de cura. Por isso, os médicos criaram um substituto 3D para estudar os tratamentos e dar algum treinamento prático para os colegas.

Assim, uma equipe de pesquisadores no Estados Unidos transformou o aneurisma ‘vivo’ em realidade. Eles fizeram o pioneiro aneurisma bioimpresso vivo sem estar no corpo humano. Ainda mais, a equipe concluiu um procedimento médico e observou a cura.

Essa novidade é importante, porque aneurismas cerebrais são complicados de identificar antes do rompimento. E identificá-lo significa parar o fluxo sanguíneo na área.

Formas de tratamento de um aneurisma cerebral

As maneiras de como tratá-lo costumam ser complicadas. No primeiro método, o cirurgião retira parte do crânio e, na base do aneurisma, insere um clipe pequeno de metal.

No segundo, é feito o enrolamento endovascular com um cateter inserido em uma artéria pela virilha. O cateter percorre o corpo até o aneurisma. Então, o próprio cateter leva a bobina até a dilatação.

aneurisma 3D
A) Aneurisma cerebral vivo in vitro. B) Estrutura do vaso do aneurisma. Imagens do estudo publicado na Biofabrication.

Os dois tipos de tratamento interrompem o fluxo sanguíneo, consequentemente o aneurisma não cresce mais e, potencialmente, estourará. Mas as duas intervenções apresentam problemas, dependendo do caso do paciente.

O engenheiro William Hynes, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, explicou como surgiu o estudo. O objetivo foi achar formas melhores para tratar o aneurisma cerebral, então o experimento foi feito com modelagem computacional.

Ou seja, a estrutura foi criada para ser utilizada por um cirurgião. Então, a equipe imprimiu uma estrutura 3D simulando um aneurisma feito de hidrogel de fibrina-gelatina. Depois, eles inseriram células cerebrais humanas chamadas hCMECs (células endoteliais microvasculares cerebrais humanas).

Essas células se espalham e revestem o aneurisma ao longo dos próximos sete dias, assim formando um aneurisma vivo impresso em 3D.

O motivo dele ter sido chamado de aneurisma vivo é a aplicação de células humanas, já que outros aneurismas falsos tinham sido criados antes.

Conclusão do experimento

aneurisma vivo
Coágulo, em vermelho, e células endoteliais, em verde, no modelo de aneurisma. Imagem: Estudo publicado na Biofabrication, 2020.

Após as células se espalharem, a equipe fez os experimentos nesse aneurisma recém-formado, em que corre plasma de vaca através da estrutura. Em seguida, é feita a própria bobina endovascular. Enfim, a bobina forma um coágulo na área.

O que significa que o fluxo sanguíneo é interrompido e o modelo funciona com sucesso.

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Mas, a equipe deixa claro que ainda falta bastante para que esse modelo possa ser reproduzido entre os médicos. Há mais trabalho em modelos computacionais de coagulação de três dimensões a serem realizados. Inclusive, usando velocimetria de imagem de partículas e imitando melhor a tensão de cisalhamento da parede que causa aneurismas.

O estudo científico foi publicado no periódico Biofabrication.

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