Alimentos ultraprocessados ligados ao aumento do envelhecimento celular

Ruth Rodrigues
(Imagem: Karl Tapales/Getty Images)

Com a correria no dia a dia, manter uma alimentação equilibrada torna-se bastante complicado. No entanto, uma pesquisa recente revelou que a ingestão de uma grande quantidade de junk food, conhecido popularmente como “porcarias”, eleva as chances de que ocorra uma mudança em seus cromossomos. Dessa forma, alimentos ultraprocessados causam efeitos negativos à nível celular.

Envelhecimento celular pode estar ligado a alimentação

O estudo foi apresentado online, durante a European and International Conference on Obesity. Segundo os dados que foram divulgados, quando um indivíduo passa a ingerir mais de 3 porções diárias de alimentos ultraprocessados, os telômeros encontrados nas extremidades dos cromossomos seriam encurtados.

Além dos telômeros, as fitas de DNA que também compõem a estrutura cromossômica seriam reduzidas em questão de tamanho. Vale ressaltar que ambas as reduções ocorrem ao passar dos anos, mas pode ser acelerada em indivíduos que consomem uma grande quantidade de junk food no decorrer do dia.

encurtamento dos telomeros
Esquema do encurtamentos dos telômeros a cada divisão celular. (Imagem: Katerynakon/Depositphotos)

A função do telômero é tida como uma espécie de biomarcador, que visa informar o envelhecimento de um indivíduo à nível celular. Essa pequena estrutura proteica é formada por uma porção não codificante do DNA. Devido a localização, os telômeros servem como um protetor da fita de DNA.

No entanto, os autores da pesquisa revelam que ainda não há nada comprovado acerca dos alimentos ultraprocessados com a diminuição dos telômeros. Esse primeiro estudo foi realizado somente como o início, para levantar informações acerca da temática.

A forma natural do encurtamento de um telômero é causada pelo envelhecimento. Portanto, a cada dia e a cada nova divisão celular, os telômeros tendem a se tornarem menores. Uma vez que, quando a célula tem seu material dividido, uma porção do telômero é perdida.

Um alerta científico sobre os alimentos ultraprocessados

De maneira geral, esse tipo de comida é caracterizada por serem altamente industrializadas. Portanto, sua composição consiste, basicamente, em alto teor de gorduras, óleos, amido e açúcares. Devido as altas concentrações, se tornam prejudiciais ao ser humano.

Já foram realizados alguns estudos dentro dessa temática. No entanto, a busca por uma ligação entre bebidas açucaradas, carnes processadas e alimentos gordurosos foram inconclusivas. As únicas características compartilhadas por eles são: aromatizantes artificiais, corantes, emulsificantes, conservantes.

Todos esses aditivos são utilizados para prolongar a vida dos alimentos industrializados. Para os especialistas, quanto maior for a concentração de aditivo, menor será a sua quantidade de nutrientes em relação as comidas menos processadas.

Uma pesquisa publicada na Oxford Academic revelou a ligação entre o consumo de comida ultraprocessada com a obesidade, hipertensão, diabetes tipo 2 e depressão. No total, foram colhidas 886 amostras de DNA, no qual 645 pertenciam a homens e 241 a mulheres com mais de 55 anos.

O estudo começou a ser produzido em 2008, e quando o indivíduo fazia a sua doação, ele precisava relatar como era o seu dia a dia. Se era uma pessoa sedentária, atlética, se tinha alguma doença e como se dava a sua alimentação diariamente. Essa ‘entrevista’ acontecia a cada 2 anos, para que todos esses novos hábitos fossem captados, fornecendo uma maior veracidade para o projeto.

Os indivíduos que consumiam mais de 3 porções de alimentos ultraprocessados por dia tinham maior chances de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, taxa de gordura no sangue e telômeros encurtados. Enquanto as pessoas que evitavam comidas industrializadas tinham uma maior longevidade quanto ao tamanho de seus telômeros.

O artigo científico foi publicado no periódico do American Journal of Clinical Nutrition. Com informações de ScienceAlert.

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