Cientistas sugerem que a água-viva seja o próximo fruto do mar popular

Amanda dos Santos
Comer água-viva pode preservar outros animais que estão em extinção. (imagem: Pixabay)

No momento, a Lista Vermelha da IUCN está com 32.000 espécies listadas como ameaçadas de extinção e isso apenas das espécies que conhecemos. E essa lista não inclui muitas espécies de água-viva.

Esse número de espécies ameaçadas de extinção vem aumentando mesmo com os esforços e trabalho duro para ajudar algumas delas a sair dessa zona perigosa.

Estamos comendo espécies ameaçadas

A verdade é que comemos algumas espécies ameaçadas sem nem perceber.

Ainda mais, os pesquisadores observaram registros de pesca industrial e identificaram quase 100 espécies ameaçadas de extinção sendo vendidas como frutos do mar de forma legalizada.

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“Espécies que não são fofas como as baleias ou tartarugas marinhas muitas vezes não recebem a proteção que merecem”, disse Leslie Roberson, biólogo da Universidade de Queensland (UQ) e primeiro autor do novo artigo, ao Science Alert.

Ele ressalta ainda que, mesmo com os compromissos nacionais e internacionais para proteger as espécies ameaçadas, nós pescamos ativamente muitas dessas espécies.

Então, os pesquisadores descobriram uma maneira não convencional de ajudarmos enquanto apreciamos os frutos do mar – e envolve comer água-viva.

O que acontece é que entre 2006 e 2014, a equipe encontrou registros de 92 espécies vulneráveis ou ameaçadas de extinção – sendo 11 delas em perigo crítico – de peixes capturados, registrados e vendidos até internacionalmente.

Animais ameaçados de extinção

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Quando esses peixes e espécies de invertebrados são vendidos, eles não precisam ser rotulados de acordo com as espécies.

Então nós como consumidores não temos como saber o que estamos comendo.

A equipe enfatiza que esse é apenas um instantâneo do problema real, já que eles olharam apenas para uma seção específica dos registros e excluíram grupos de peixes como tubarões ou arraias, que são comumente consumidos na Austrália, Europa e em alguns países asiáticos.

Nem mesmo a pesca ilegal e não declarada foi investigada, apenas as capturas e importações relatadas.

Nessa pesquisa eles encontraram 92 espécies que são capturadas ou comercializadas apesar de serem listadas como globalmente ameaçadas de extinção, disse a cientista conservacionista Carissa Klein da UQ ao Science Alert.

Indústria de frutos do mar

Desse modo, a indústria de frutos do mar é um emaranhado de cadeias de suprimentos que se cruzam com os países.

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Os países europeus como Alemanha, Reino Unido e Espanha, além dos EUA, compreendem a maioria dos principais importadores de espécies ameaçadas em volume e valor, escreveu a equipe em seu artigo.

Logo, voltando a sugestão dos pesquisadores, algumas maneiras de desembaraçar a bagunça criada nos oceanos do mundo inclui a expansão da ideia de incluir a água-viva como frutos do mar comumente consumidos.

Isso pode soar estranho, mas não é a primeira vez que cientistas a sugerem como fonte de alimento.

Juntamente com o fato da água-viva se enquadrar em uma minoria de animais selvagens que os cientistas acreditam estar aumentando em número ao redor do mundo, faz muito sentido consumi-las.

Em 2017, pesquisadores na Dinamarca fizeram batatas fritas crocantes de água-viva. Sem contar que os chineses a apreciam há mais de 1.700 anos.

Dependendo da espécie consumida, comer as águas-vivas pode ajudar a controlar a floração delas e a manter outras espécies ameaçadas de extinção no mar.

 

O estudo foi publicado na Nature Communications.

 

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