Albinismo e leucismo em animais: qual a diferença?

Mateus Marchetto
Entenda o motivo pelo qual esse jacaré é um animal albino e não leucístico. Imagem: downcametherain/Pixabay

A cor de um animal geralmente é importante para a sobrevivência. Alguns animais dependem de sua pelagem ou plumagem para se camuflar, identificar ou para regular a temperatura. Contudo, em algumas raras ocasiões um animal pode nascer albino. Isso significa que o bicho possui uma mutação em seu material genético que impede a síntese de melanina em todas as partes do corpo. Porém, há uma segunda característica genética que confere uma coloração completamente branca ao corpo de um animal: o leucismo. Essa segunda condição muitas vezes é confundida com o albinismo devido às semelhanças aparentes entre animais leucísticos e albinos. Vejamos como diferenciá-los.

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Imagem: Dieter Staab/Pixabay

A diferença genética entre ambos

Como dito acima, um animal albino não produz melanina em nenhuma parte do corpo, nem mesmo nos olhos. Isso faz com que essa condição esteja relacionada a uma cor rosa ou vermelha dos olhos, como é o caso do furão da imagem acima. O albinismo acontece por meio de uma mutação genética. Em geral, há um silenciamento do gene que produz a enzima tirosinase. Essa última, por sua vez, é um componente essencial para a produção de melanina. Animais albinos geralmente são muito sensíveis à luz e podem ter inclusive problemas de visão pela falta de melanina em suas íris. Pássaros albinos, por exemplo, raramente chegam à idade adulta.

O leucismo, por outro lado, causa a falta de melanina na maior parte do corpo, mas a cor dos olhos se conserva. Os animais leucísticos podem ainda ter algumas manchas coloridas ao redor do corpo, prevalecendo ainda a cor branca. Essa condição também resulta de uma mutação genética que ocorre durante o desenvolvimento dos animais, na formação dos melanócitos. Essas células são, em geral, formadas durante o desenvolvimento do sistema nervoso e por esse motivo animais leucísticos podem ter problemas de audição ou visão, bem como doenças neurológicas em geral.

Um urso polar tem albinismo ou leucismo?

Para resumir, nenhum dos dois. Acontece que algumas espécies são naturalmente brancas, ou seja, elas evoluíram para ter essa coloração. De forma geral, animais brancos como os ursos polares se beneficiam da sua aparência para se camuflar na neve. O albinismo, por sua vez, pode acontecer em basicamente qualquer espécie, mas ele está envolvido com a mutação citada anteriormente, que não ocorre de forma natural nos ursos polares. Esses animais também não são leucísticos. Acontece que o leucismo se caracteriza por estar presente em espécies que não têm animais de cor branca normalmente, como répteis. Portanto, os ursos polares também não têm a alteração genética que causa o leucismo, eles simplesmente têm a cor branca.

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Imagem: minka2507/Pixabay

Vale ressaltar que qualquer tipo de alteração genética pode ser causada por alterações ambientais. Nesse sentido, principalmente casos de leucismo estão relacionados à poluição. Isso porque metais pesados e compostos químicos industriais podem contaminar o corpo de um animal desde antes do nascimento. Portanto, o aumento da poluição do planeta nos últimos dois séculos está diretamente associado a um aumento da condição de leucismo em ambiente selvagem. O albinismo também pode ocorrer pelos mesmo motivos e tanto animais albinos quanto animais leucísticos acabam tendo mais dificuldade para chegar à idade adulta.

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Imagem: Manfred Richter/Pixabay

Outras referências

  1. Spritz, R.A. “Albinism.” Brenner’s Encyclopedia of Genetics, 2013, pp. 59-61., doi:10.1016/B978-0-12-374984-0.00027-9Slavik,
  2. Ondrej, et al. “Ostracism of an Albino Individual by a Group of Pigmented Catfish.” PLOS ONE, vol. 10, no. 5, 2015, pp. e0128279., doi:10.1371/journal.pone.0128279
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