Pressão alta e diabetes podem afetar a estrutura do cérebro

Amanda dos Santos
Exame de ressonância magnética do cérebro do UK Biobank mostrando as vias da substância branca. (Universidade de Oxford)

A hipertensão e o diabetes tipo 2 afetam o corpo, mas um novo estudo traz evidências de que essas doenças também podem afetar a nossa mente, mesmo que de maneira sutil.

Vamos entender melhor esses efeitos na cognição do cérebro e quando eles podem ser observados.

Pressão alta e diabetes desaceleram a cognição cerebral

Coautora desse estudo, a neurologista Michele Veldsman é da Universidade de Oxford e relatou em detalhes essa descoberta para a Science Alert.

Antes de mais nada, ter pressão alta e diabetes tem um efeito prejudicial para a velocidade de pensamento e para a memória.

Ou seja, a medida que a pressão arterial aumenta, a velocidade de pensamento e a memória pioram.

pressão arterial e cérebro

Por isso, doenças e fatores genéticos que afetam o suprimento de sangue do cérebro são conhecidos como fatores de risco cerebrovasculares.

Por causa desses fatores de risco, já há pesquisa comprovando que esses fatores aumentam a probabilidade de pessoas mais velhas desenvolverem demência.

Mas essa nova pesquisa analisou um grupo mais jovem e com outras medidas mais sutis para determinar como o cérebro pode ser afetado em termos de memória e velocidade do pensamento.

A equipe de pesquisa analisou imagens de ressonância magnética do cérebro de mais de 22.000 participantes do UK Biobank e procurou por mudanças nas vias da substância cinzenta e branca do cérebro.

Exame de ressonância magnética do cérebro

Consequentemente, os pesquisadores registraram os dados clínicos, demográficos e cognitivos dos voluntários.

As regiões analisadas foram as vias de matéria branca porque são elas que se comunicam em redes e conectam diferentes regiões, trabalhando juntas para coordenar o pensamento, explicou Veldsman.

Então, descobriu-se que o volume do cérebro em uma rede frontoparietal e a integridade das conexões da substância branca entre as regiões são afetadas por fatores de risco que afetam o suprimento de sangue no cérebro.

A equipe comparou os dados da ressonância magnética com os dados cognitivos de participantes entre 44 e 70 anos. O que eles descobriram foi que a pressão arterial mais alta estava associada a um desempenho cognitivo mais baixo.

Monitoramento e tratamento são importantes

monitoramento e tratamento de doenças

Curiosamente, o estudo com adultos mais velhos (com mais de 70 anos) não mostrou o mesmo efeito.

Apenas 5% dos inscritos nesse estudo tinham o diagnóstico de diabetes tipo 2, mas eles também apresentaram o status de função executiva inferior.

Ainda mais, os pesquisadores enfatizam que essa perda mental é muito pequena e é apenas uma ligeira diminuição na velocidade de pensamento e na memória.

Portanto, não se compara a perda mental total experimentada na demência.

Mesmo assim, o fato de podermos detectar essa diminuição significa que os cérebros dos participantes já estão mudando e isso pode levar a resultados piores ao avançar da idade.

Então, é importante prevenir esses danos o mais rápido possível para evitar um declínio maior.

Como observou um dos pesquisadores, o neurocientista Masud Husain da Universidade de Oxford, cada milímetro de pressão nas artérias conta.

Monitorar e tratar até a pressão arterial um pouco elevada pode fazer diferença na estrutura do cérebro.

O estudo foi publicado na Nature Communications. Com informações de Science Alert.

 

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