Pesquisadores descobrem novas constelações do Egito Antigo

Felipe Miranda
(Esna Project).

Temos, no mundo ocidental, tanto na astronomia quanto na astrologia, as divisões do céu que chamamos de constelações. Em 1922, a União Astronômica Internacional instituiu 88 constelações pelos céus. Delas, as mais famosas são as 13 constelações do zodíaco, muito utilizadas também na astrologia – um amontoado das mitologias babilônica, suméria e grega. No entanto, outras culturas possuem suas constelações, que se baseiam em suas culturas. Agora, pesquisadores encontraram novas constelações do Egito Antigo que desconhecíamos até o momento.

Os egípcios antigos desenhavam as constelações em templos, bibliotecas e quaisquer outros locais que fizesse sentido. No entanto, muitas delas apagaram-se. Por exemplo, fuligem cobria as paredes do templo de Esna, no Egito. Restaurando o local, então, eles enxergaram muitas novas descobertas abaixo das paredes de sujeira e fuligem. Dentre as descobertas, as novas constelações do Egito Antigo. Quer dizer… novas para nós, afinal, o Egito Antigo acabou-se há muito tempo.

Puro descuido, mas bem conservado

Segundo disse o líder do projeto e egiptologia na Universidade de Tübingen, na Alemanha, Christian Leitz, ao LiveScience, “parece que foi pintado ontem. Mas não estamos repintando nada, estamos apenas removendo a fuligem”. Ele diz isso pois os arqueólogos se espantaram ao retirar a fuligem com álcool e água destilada. De alguma forma, a pintura se conservou abaixo de tantas camadas de sujeira.

(Ahmed Amin).

Dentre as pinturas estavam as constelações de Ursa Maior e Orion – Mesekhtiu e Sah, respectivamente, para os egípcios. Mas essas já conhecíamos. Uma delas era a ‘Apedu n Ra’, ou ‘Gansos de Rá’. Rá é o deus egípcio do Sol. Mas não há outros pontos de contextualização, então os pesquisadores não sabem quais constelações ou estrelas de hoje elas representavam.

O descuido quase destruiu o templo. Este não era o único tempo na cidade de Esna. No entanto, no século XIX, quando o Egito passou a se industrializar, eles destruíram dois tempos e o tempo de Esna tornou-se um depósito de algodão. Pela localização central, a região valorizou-se e as pessoas construíram imóveis encostados e suas paredes, além de outros mal cuidados.

Hoje, o que chamamos de templo de Esna é apenas o vestíbulo do local, chamado de pronaos, que ainda é bastante grande, com seus 740 metros quadrados (37 m por 20 m) e 15 metros de altura. Antes, algumas décadas após o início da Era Comum, há dois mil anos, provavelmente o imperador romano Claudius já diminuíra o templo. Ali na frente há um edifício que fora um templo romano, já que durante um certo tempo o Império Romano comandou o Egito. . 

A construção

24 colunas sustentam o telhado do templo. Delas, 18 colunas independentes foram adornadas e decoradas com temas vegetais. No teto, há os desenhos astronômicos, o que inclui as novas constelações. As inscrições hieroglíficas também tornam o templo famoso – descrevem pensamentos religiosos e grandes eventos por ali. “Na arquitetura de templos egípcios, essa é uma exceção absoluta”, diz o egiptólogo Daniel von Recklinghausen em um comunicado.

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(Ahmed Amin).

Acredita-se que a construção, pintura e conclusão geral de todos os acabamentos do tempo levaram cerca de 200 anos. Se grandes obras  já demoram hoje, com tanta tecnologia, imagine naquela época, onde mesmo os equipamentos mais tecnológicos dependiam muito da mão de obra humana.

Não só chama atenção hoje, como desde que os descreveram. Em 1589 um comerciante de Veneza, até então uma cidade independente na península Itálica (na época a Itália não era unificada), visitou o templo e, impressionado levou suas descrições para a Europa. Outro que se impressionou de forma considerável foi Napoleão Bonaparte.

Embora fosse um Imperialista, questionável em muitas de suas atitudes, sua curiosidade pela história trouxe progressos em nossa compreensão pelo Egito Antigo. Foi uma expedição de Napoleão, por exemplo, que localizou a pedra de Rosetta, essencial para compreendermos os hieróglifos egípcios, já que a pedra possuía traduções para o grego, uma língua conhecida pelos intelectuais europeus, praticamente sacra no velho continente.

Com informações de LiveScience, Ancient Origins e Universität Tübingen.

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