Genoma indica que peixes pulmonados podem explicar a vida terrestre

Mateus Marchetto
Pesquisadores mapearam todo o genoma dos peixes-pulmonados-australianos.

Pesquisares acabam de sequenciar o genoma completo do peixe-pulmonado-australiano, uma espécie nativa da Austrália que está altamente ameaçada de extinção devido a atividades humanas. Contudo, o que chama a atenção para os peixes pulmonados não é só a ameaça, mas como o próprio nome diz seus pulmões.

Na verdade, esses peixes têm uma bexiga natatória (um saco de ar que serve para boiar) modificada, que permite que os animais respirem fora da água durante períodos de seca. De forma geral, contudo, os peixes pulmonados respiram também por brânquias e são organismos bem antigos. Acredita-se que o último ancestral comum entre humanos e peixes pulmonados viveu há mais de 450 milhões de anos.

No entanto, o sequenciamento do genoma desses animais pode fornecer novas ideias sobre a transição da vida na água para a vida na terra. Isso porque muito provavelmente o primeiro peixe a se aventurar em terra firme foi muito parecido com os peixes pulmonados. Isso porque esse animal precisou de adaptações para respirar o oxigênio atmosférico, além de poder se mover em terra e não desidratar tão facilmente. Todas essas últimas, veja só, são características dos peixes pulmonados atuais.

Peixes pulmonados e seu genoma gigante

Uma das coisas que mais chama a atenção no genoma dos peixes pulmonados é o seu tamanho. Acontece que cada célula desses peixes contem nada mais nada menos que 43 bilhões de nucleotídeos (as “letras” A, G, C e T que compõem o DNA). Ou seja, mais de 10 vezes maior que o genoma dos humanos.

Acontece que esse genoma gigante possui várias cópias de certas partes dentro de si mesmo. Evidências indicam que isso facilita adaptações mais rápidas a ambientes em mudança. Isso faz sentido, por conseguinte, com o ambiente em que o nosso ancestral explorador viveu. Isso porque o ambiente terrestre oferecia um mundo completamente novo de opções. Nesse caso, mais recursos para o animal que o explorasse.

O artigo está disponível no periódico Nature.

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