Ocorreu domingo a maior erupção solar dos últimos três anos

Felipe Miranda
(NASA).

Não se preocupe, esta em questão não te causará dano algum, embora erupções solares muito forte sejam perigosas. Além disso, não trata-se da maior erupção solar registrada, mas a maior dos últimos três anos. Os astrônomos a classificaram como M4.4; isso significa, então, que ela possui média intensidade. 

Entender a escala de medidas de erupções solares de forma básica é bastante simples. Existem três letras utilizadas: C, M e X. O C representa as erupções fracas, o M, as erupções médias e o X as erupções fortes. Após cada letra, ainda adiciona-se números que variam entre 1 e 9. Portanto, uma M4.4 localiza-se aproximadamente no meio da escala de erupções médias.

O gif abaixo apresenta as erupções: 

Por tratar-se de uma erupção de intensidade média, não causou grandes transtornos, mas alguns as notaram. Além disso, a explosão não ocorreu direcionada para a Terra. Portanto, recebemos muitas dessas partículas carregadas do Sol.

Essas explosões liberam uma grande quantidade de ondas eletromagnéticas em diversas frequências. Os raios-X e a radiação ultravioleta, principalmente, ionizam o topo da atmosfera da Terra (arrancam elétrons dos átomos) e causam algumas interferências nas ondas de rádio. Portanto, interrompe ou atrapalha momentaneamente a comunicação de navios aviões e radioamadores nas frequências abaixo de 20 MHz. 

Em dezembro de 2019 iniciou-se um novo ciclo solar. O mínimo solar ocorreu ou ocorre agora em 2020. Cada um desses ciclos dura 11 anos, e em sua metade o Sol atinge o ápice de sua atividade. Portanto, até 2025 veremos um aumento na atividade solar, e possivelmente erupções mais fortes do que a que ocorreu no domingo.

Erupções solares

A frequência entre as erupções solares e ejeções de massa coronal associam-se diretamente ao momento do ciclo solar. Quando o Sol está mais ativo, então, surgem muitas manchas em suas superfícies. Essas manchas são perturbações magnéticas que liberam as partículas carregadas para o espaço em alta velocidade.

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Os ciclos solares 23 e 24. (Créditos da imagem: Hathaway/NASA/MSFC).

As erupções solares ocorrem na superfície do Sol, liberando o material da superfície. As ejeções de massa coronal, por sua vez, são semelhantes, mas ocorrem na coroa solar – o plasma que o rodeia. A coroa é muito mais quente do que a superfície, chegando à casa dos milhões de graus Celsius, enquanto a superfície o Sol chega a apenas 5778 K (aproximadamente 6000° C).

Muitas vezes, erupções solares e ejeções de massa coronal associam-se, mas nem sempre. 

O perigo de uma erupção solar

Mas seja lá qual for a explosão da vez, o risco é o mesmo. Brincamos de roleta russa com o Sol. Vamos exemplificar.

Em 1859, uma fortíssima explosão solar atingiu a Terra. Foi tão forte que algumas pessoas viram auroras boreais e austrais próximo à linha do equador terrestre (já explicamos como as auroras se formam). Essas partículas carregadas destruíram redes telegráficas e elétricas. Por sorte o mundo não dependia tanto da tecnologia.

Equipamentos eletrônicos são extremamente sensíveis a essas explosões. Portanto, uma erupção solar tão forte hoje quando em 1859 causaria o apocalipse na Terra. E que controle temos disso? Bom, zero. Uma explosão solar muito forte nos levaria de volta aos períodos anteriores à Idade Contemporânea, que iniciou-se com a Revolução Francesa.

E bom, isso na verdade quase ocorreu. Eram 18h51, horário de Brasília do dia  2 de abril de 2001. A maior explosão solar da história observacional é registrada. Foi mais forte, inclusive, do que a erupção de 1859. Mas felizmente a Terra saiu à salvo. A Terra já passara pela região onde o plasma passava. O plasma viajou pelo espaço a incríveis 7,2 milhões de quilômetros por hora.

Bom, uma explosão média não causa grandes transtornos na Terra. Mas uma explosão forte colocaria os astronautas em risco de vida, poderia queimar satélites e até mesmo queimar aparelhos eletrônicos em Terra. O campo magnético nos proteja destes “ataques”, mas um muito forte vence a barreira, como já vimos em 1859.

Com informações de Space.com, Forbes e NASA

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