O uso intensivo de cannabis pode alterar o genoma humano

Erik Behenck
Uso intensivo de cannabis pode alterar o DNA humano

O canabidiol é uma substância extraída da Cannabis sativa, que pode oferecer alguns benefícios para o corpo humano. Algumas pesquisas já comprovaram que o derivado da maconha pode amenizar os sintomas de diversas doenças como epilepsia, e a esclerose múltipla, trazendo mais qualidade de vida para muitas pessoas. Ainda assim, existe muita polêmica em relação ao assunto. Atualmente no Brasil é preciso de uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer uso da substância.

Agora um estudo recente aponta que o uso intensivo da cannabis pode alterar o genoma humano. Conforme a pesquisa publicada pela revista Translational Psychiatry, pessoas que fazem a utilização de tabaco e maconha apresentam mais impactos no DNA do que aquelas que não fumam. De acordo com os pesquisadores, isso seria uma resposta ao uso intensivo da cannabis.

Uso intensivo de cannabis prejudica o DNA?

A pesquisa apontou que o uso intensivo de cannabis apresenta efeitos menos drásticos do que o tabaco, assim, não afetando o DNA na mesma extensão, mas de formas específicas. Além disso, a utilização contínua da cannabis tem sido associada a distúrbios de saúde mental.

Conforme o principal autor da pesquisa, Dr. Amy Osborne, de UC College of Science, em um comunicado: “Este estudo mostra como o consumo de cannabis está ligada a mudanças nas vias genéticas que podem explicar a ligação entre o consumo de cannabis pesado e esses resultados adversos para a saúde”, disse.

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O uso intensivo da cannabis pode, por exemplo, aumentar as chances de uma pessoa ser diagnosticada com esquizofrenia. Dessa forma, pesquisadores da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, analisaram como a utilização pesada dessa sustância pode causar alterações químicas no corpo de seus usuários, alterando até mesmo o genoma humano.

Pesquisa indica que cannabis atua no cérebro e no coração

Durante a pesquisa, foram analisadas amostras de sangue de 48 usuários pesados de maconha, com idade média de 28 anos, registrados em um estudo longitudinal de nascimento, que avaliou a saúde e a educação na vida de mais de 1.200 crianças daquele país.

Assim, foi demonstrado que o uso intensivo de cannabis pode causar mudanças no DNA, em mais de 500 genes. Além disso, foi identificado que o tabaco tem um resultado ainda mais devastador no DNA, enquanto a cannabis parece atuar diretamente nos genes envolvidos no cérebro e coração.

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Os pesquisadores acrescentaram que é preciso ter cautela em relação as novas descobertas. “Acreditamos que avaliar o efeito potencial da maconha no DNA é oportuno. Atualmente, é a substância psicoativa ilícita mais usada no mundo e isso pode aumentar com descriminalização ou legalização”, disse Osborne.

Contudo, os autores do estudo afirmam que as descobertas são baseadas em um número pequeno de amostras. Desse modo, seriam necessárias mais pesquisas para entender completamente os efeitos do consumo de maconha, principalmente em relação ao genoma humano.

Esse pesquisa foi publicada na revista Translational Psychiatry, você pode conferir na íntegra aqui.

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