Restos de neandertais caçados por hienas são encontrados na Itália

Mateus Marchetto
Arqueólogos descobriram que os neandertais desta caverna foram caçados por hienas há milhares de anos. Imagem: Alex Strachan/Pixabay

Em 1939, trabalhadores encontraram a caverna Guattari por acaso, em baixo de uma construção. Na época paleontólogos encontraram um crânio de neandertal com um buraco na cabeça, levando alguns pesquisadores a supor um ritual canibal. Contudo, novos indícios mostram que hienas foram, na verdade, as causadoras da lesão.

Para entender isso é preciso lembrar que os neandertais habitaram a Eurásia entre mais ou menos 250.000 e 40.000 anos, quando foram extintos provavelmente pela atividade dos Homo sapiens. Contudo, os primeiros hominídeos não eram predadores de topo de cadeia e frequentemente eram caçados por outros grandes animais, como leões e hienas.

Pesquisadores acham, inclusive, que foi exatamente isso que aconteceu em Guattari. Isso porque arqueólogos encontraram inúmeros fósseis de neandertais, alguns entre 50.000 e 60.000 anos de idade, outros mais antigos, com até 100.000 anos. Esses fósseis, por conseguinte, apresentam marcas de lesões, como o crânio de 1939.

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Parte dos fósseis na caverna. Imagem: Ministério da Cultura da Itália

Para colaborar mais com a hipótese das hienas, diversos fósseis desse predadores também estavam na caverna, juntamente aos de elefantes, cervos gigantes e outros animais da megafauna pré-histórica.

A equipe de pesquisa acredita que a caverna também pode ter sido abrigo dos próprios neandertais, bem como outros animais. Contudo, Mario Rolfo (arqueólogo da Universidade de Tor Vergata) afirma ao The Guardian que a caverna pode ter sido selada por um terremoto, pemanecendo isolada por quase 60.000 anos.

O destino das hienas de Guattari

A propriedade onde a caverna está atualmente abriga um hotel que está à venda. Todavia, instituições culturais do Estado italiano já entraram com um pedido de fundos à União Europeia para transformar a caverna em um centro de estudos. Com isso o governo italiano busca aumentar o turismo na região e também promover a pesquisa científica sobre os neandertais.

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Mandíbula de hiena advinda da caverna de Guattari. Imagem: Ministério da Cultura da Itália

Como mostram as interpretações de 1939, muito da visão dos humanos sobre os neandertais pode estar completamente equívoca, conquanto que o canibalismo realmente existisse entre hominídeos. Nesse sentido, estudos anteriores mostram que os neandertais tinham manifestações culturais, relações sociais próprias e até enterravam seus mortos em rituais, mais ou menos como nós humanos.

Isso é importante porque os Homo neanderthalensis viveram no planeta por muito mais tempo que nós, Homo sapiens. Portanto eles podem ser uma das partes do quebra-cabeça para entender a evolução humana. Além do mais, esse tipo de descoberta pode fornecer evidências importantes no que diz respeito à extinção brusca e relativamente misteriosa desses primos mais velhos.

Com informações de Smithsonian Magazine.

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