Nova tecnologia revela origem da cor da pele de múmias egípcias

Amanda dos Santos
(ROBERT CLARK, NATIONAL GEOGRAPHIC)

Quanto é possível aprender com a cor da pele de uma pessoa? No caso das múmias egípcias, agora a cor revela bastante. Os pesquisadores descobriram uma maneira não intrusiva de mapear as origens dos materiais de embalsamento egípcio antigo.

O estudo não diz se esses egípcios eram ou não de pele escura naturalmente. Esse, inclusive, é um outro debate. Mas, de acordo com as últimas análises de alta tecnologia, a cor negra profunda de várias múmias egípcias não vem apenas do alcatrão. Porém, agora se sabe de onde o alcatrão vem.

Análise da pele de múmias egípcias

Aprender os segredos de múmias antigas sem danificar seus frágeis restos mortais sempre foi um desafio enorme para os egiptólogos. Entretanto, recentemente, uma equipe de pesquisadores franceses publicou um novo artigo de pesquisa na ACS Analytical Chemistry sobre uma nova maneira não penetrante de analisar a pele do antigo Egito. O foco estava no “betume de embalsamento”, o que dá as múmias sua pele de cor escura.

múmias
Imagem: Pexels

Esta linha de pesquisa surgiu em um artigo publicado pela Royal Society, em 2016. O autor principal, professor KA Clark (Universidade de Bristol) disse que a mumificação era praticada no antigo Egito por mais de 3.000 anos.

Logo, os pesquisadores descobriram no uso de bálsamos orgânicos, uma introdução posterior nos costumes funerários. Era exigido por ambientes de sepultamento mais úmidos, especialmente tumbas subterrâneas.

Assim, a equipe francesa analisou 39 múmias egípcias datando de 3.200 aC a 395 dC usando espectrometria de massa. Então, o estudo mostrou como o betume de petróleo ou asfalto natural causou a cor escura da pele egípcia de muitas múmias. Eles afirmam que o betume foi utilizado em 50% das múmias do Novo Reino até o Período Final, aumentando para 87% das múmias do Período Romano ptolomaico.

E concluíram que a aplicação de bálsamos pretos/marrons escuros foi deliberada após o Novo Reino, refletindo a mudança nas crenças funerárias e mudanças na ideologia religiosa.

Nova abordagem científica

Dessa maneira, com base no documento de 2016, um lançamento recente da American Chemical Society (ACS) explica os materiais de embalsamento usados pelos antigos egípcios. Seriam uma mistura complexa de compostos naturais – goma de açúcar, cera de abelha, gorduras, resinas coníferas e quantidades variáveis de betume.

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Um espectrômetro de Ressonância Paramagnética Eletrônica (EPR), que foi usado para análise forense da pele egípcia em múmias. (Przemyslaw “Tukan” Grudnik / CC BY-SA 3.0 )

Mais conhecido como asfalto ou alcatrão, o betume é uma forma altamente viscosa de petróleo preto que é feito de plantas fossilizadas e algas. A equipe de pesquisadores foi financiada pela Agence Nationale de la Recherche e Centre de Recherche et de Restauration des Musées de France para desenvolver uma nova técnica de análise menos destrutiva e pegar amostras de betume de múmias antigas.

Portanto, o novo método é conhecido como “Ressonância Paramagnética Eletrônica” (EPR) e testa amostras de betume para “porfirinas Vanadil e radicais carbonáceos”. Estes são dois componentes que constituem o betume. E, de acordo com os pesquisadores, essas duas assinaturas químicas específicas fornecem informações sobre a presença, origem e processamento do betume no material de embalsamento.

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