Misterioso Planeta 9 está mais próximo de ser descoberto

Felipe Miranda
(ESA/Hubble, M. Kornmesser).

Há, talvez, nos confins do sistema solar, um misterioso planeta desconhecido. E isso não é conspiracionismo – não falo do Nibiru. Na verdade, é algo completamente científico – o planeta 9. Imagina-se que ele exista por causa de interferências gravitacionais em alguns objetos trans-netunianos, como o planetoide Sedna. 

Nunca encontramos o responsável pela interferência. No entanto, por precedentes históricos, sugere-se um planeta; assim que os pesquisadores descobriram Netuno, por exemplo. Netuno interferia na órbita de Urano, conforme já explicamos em outro texto

Pesquisadores já propuseram até mesmo que o planeta 9 seja, na verdade, um pequeno buraco negro primordial. Trata-se, também, de uma proposta científica. No entanto, bem menos plausível, já que significaria que buracos negros podem ser menores do que pensávamos. Enfim, trata-se de uma questão extremamente complicada. 

Enquanto os cientistas não encontram nada, não podem dar um veredito. Mas eles podem continuar procurando.

Nesse contexto, os pesquisadores encontraram um grande planeta orbitando sua estrela em uma distância incrivelmente grande. Em outras palavras, eles encontraram um planeta semelhante ao planeta 9, trazendo dicas para como encontrar um planeta assim aqui em nossa vizinhança. Eles descreveram os resultados no periódico The Astronomical Journal

A descoberta do planeta

O exoplaneta, chamado HD106906 b, possui 11 vezes a massa de Júpiter e orbita a estrela a 730 vezes a distância da Terra até o Sol – o equivalente a cerca de 20 vezes a distância entre Plutão e o Sol. Isso é, portanto, uma distância insana para a órbita de um planeta.

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Região do céu onde o planeta HD106906 b se localiza. (ESA/Hubble, Digitized Sky Survey 2).

Mas os pesquisadores não o descobriram agora, na verdade. Conhecia-se o planeta desde 2013, quando foi encontrado pelos Telescópios Magalhães no Observatório Las Campanas, no deserto do Atacama, no Chile. Mas agora, com dados precisos do poderoso Telescópio Espacial Hubble, eles analisaram 14 anos de órbita do planeta, com dados coletados desde antes da descoberta. Até agora, não sabia-se qual distância o planeta localizava-se da estrela.

Além de insanamente distante de sua estrela, o planeta possui uma órbita bastante excêntrica. Isto é, uma órbita bastante alongada. Além disso, o planeta se movimenta em uma inclinação esquisita, diferente dos outros planetas. Ele localiza-se externamente a uma nuvem de poeira e detritos espaciais, e inclusive distorce o disco. 

“Para destacar por que isso é estranho, podemos apenas olhar para nosso próprio Sistema Solar e ver que todos os planetas estão praticamente no mesmo plano”, diz em um comunicado Meiji Nguyen, da Universidade da Califórnia. “Seria bizarro se, digamos, Júpiter tivesse uma inclinação de 30 graus em relação ao plano em que todos os outros planetas orbitam. Isso levanta todos os tipos de questões sobre como HD 106906 b acabou tão longe em uma órbita tão inclinada”.

Planeta 9

Através dos cálculos, acredita-se que o planeta se formou a uma distância muito menor da estrela. No entanto, com o tempo, o arrasto na nuvem de gás que ainda havia por ali nos primórdios da formação do sistema o levou para mais perto. O planeta orbita um sistema duplo de estrelas. Então, a complexa interação gravitacional por ter o chutado para longe quando se aproximou. Outra estrela próxima ajudou, então, o planeta a se estabilizar  por ali. 

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Concepção artística do planeta 9. (ESA/Hubble, M. Kornmesser).

Acredita-se que aqui no sistema solar possa ter ocorrido algo semelhante. O planeta 9 formam-se bastante próximo do Sol. Mas as interações gravitacionais com o Sol e com Júpiter o chutaram para além de Plutão, onde se estabilizou por influência de outras estrelas. 

“É como se tivéssemos uma máquina do tempo para nosso próprio Sistema Solar voltando 4,6 bilhões de anos para ver o que pode ter acontecido quando nosso jovem Sistema Solar estava dinamicamente ativo e tudo estava sendo empurrado e reorganizado”, disse Paul Kalas da Universidade da Califórnia. 

Por ora, ainda não são indícios, mas apenas modelos hipotéticos. Esses modelos podem trazer pistas de como localizar o planeta 9 ou o objeto que interfere nas órbitas desses objetos trans-netunianos. 

O estudo científico foi publicado no periódico The Astronomical Journal

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