Mergulhadores encontram restos mortais de soldado medieval em lago lituano

Felipe Miranda
(A. Matiukas).

Um grupo formado por mergulhadores e arqueólogos na Lituânia encontrou os restos mortais de um soldado medieval consideravelmente conservado no fundo de um lago. Além disso, seus pertences também permanecem lá, como a espada, e a roupa, também ainda perfeitamente inteiros. Isso quer dizer que o achado ajudará na maior compreensão sobre a vida e os soldados da idade média europeia, ou pelo menos no Báltico.

A Lituânia é um dos três Países Bálticos, localizados na região oriental da Europa, próximo à Polônia, Ucrânia, Rússia. Trata-se de uma região historicamente bastante conturbada, recheada por guerras e conflitos de interesse entre os tronos mais poderosos. O soldado remete a uma época em que a Lituânia ainda possuía uma força considerável na região. 

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Aqui está a Lituânia. (Wikimedia Commons).

Um país, uma história

Ultimamente, o Lago Asveja, o maior lago da Lituânia, ganhou destaque, conforme o Ancient Origins. Desde 1998 mergulhadores aplicam por ali diversos métodos arqueológicos subaquáticos. Portanto, o lago oferece muito material para a história e a arqueologia.

Anteriormente, já encontraram por ali partes de telhas, pedaços de barcos, de balsas pedaços de uma antiga ponte, além de diversos outros tipos de objetos datados de diferentes períodos da história – desde objetos mais recentes, até objetos mais antigos, como é o caso do soldado junto a seus pertences.

Embora saibamos muito pouco sobre a Lituânia, nessa época o Grão-Ducado da Lituânia consolidou-se como um dos Estados mais poderosos da Europa Oriental, exercendo uma influência regional. Ele controlava regiões como a Ucrânia. Além disso, possuía uma ligação, por dinastias, com o Reino da Polônia.

Conforme a Biblioteca Digital Mundial, no auge de seu poder, nos séculos XIV a XVI, o Grão-Ducado da Lituânia abrangia os territórios da Lituânia, Bielorússia e Ucrânia ocidental, além dos reinos próximos aliados à coroa lituânia. O país se uniu à Polônia em 1569, após muita influência polonesa, formando, assim, a República das Duas Nações. 

Em 1795, no entanto, a Lituânia perdeu completamente sua autonomia, já que o Império Russo anexou a maior parte da República das Duas Nações e a Prússia, o principal reino alemão, absorveu o território restante. Apenas em fevereiro de 1918, com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Lituânia recuperou sua independência e soberania.

Os restos mortais do soldado medieval

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Assim era um soldado lituano da Idade Média. (BNS).

Não foi uma localização acidental. Os cientistas buscavam justamente por objetos úteis para estudo. Os arqueólogos R. Kraniauskas e Z. Baubonis, então, sob a coordenação do gerente de pesquisa, dr. E. Pranckėnaitė, chamaram os mergulhadores profissionais G. Krakauskas e A. Matiukas. Os mergulhadores, então, passaram a observar o fundo do lago.

Arqueólogos recuperando os restos mortais do soldado medieval do Lago Asveja
Arqueólogos subaquáticos examinando os artefatos no Lago Asveja, Lituânia. (G. Krakauskas)

Logo eles localizaram pedaços de uma velha ponte. Ao retirar os objetos, cavaram e, a 9 metros de profundidade, coberto por uma camada de lama, localizava-se os restos mortais de um soldado medieval. O que mais impressiona é a conservação de materiais orgânicos, como o próprio soldado e o couro da bota.

Arqueólogos recuperando os restos mortais do soldado medieval do Lago Asveja. (G. Krakauskas)
Arqueólogos recuperando os restos mortais do soldado medieval do Lago Asveja. (G. Krakauskas)

O soldado e seus objetos provavelmente remetem ao século XVI, baseado na vestimenta. Possivelmente um jovem, como revelado pelas análises preliminares, junto a ele há uma espada, suas botas de couro, as vestimentas e duas facas. É justamente por essas características que, antes mesmo de uma datação, os cientistas já dizem tratar-se de um soldado medieval.

“Os restos mortais foram encontrados sob uma camada de lama e areia a uma profundidade de nove metros durante um exame subaquático dos restos da velha ponte Dubingiai”, disse a arqueóloga Elena Pranckenaite em entrevista à emissora de rádio e televisão lituâna LRT

Os cientistas ainda não sabem a causa da morte do jovem soldado, mas sabe-se que ainda era muito jovem. Os arqueólogos enviaram os restos mortais para a Faculdade de Medicina da Universidade de Vilnius, cidade histórica da Lituânia e os objetos arqueológicos para o Museu Nacional da Lituânia e, dessa forma, manterão-se preservados. 

Com informações de Ancient Origins, LTR e Biblioteca Digital Mundial.

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