Máscaras são essenciais agora, mas o material faz toda a diferença

Erik Behenck
Aqui o manequim que ajudou os pesquisadores a analisarem a eficácia das máscaras. Foto: Florida Atlantic University, Verma ETC.

Desde que os primeiros casos de Covid-19 surgiram, a utilização de máscaras ganhou popularidade no mundo inteiro. Não apenas por gosto das pessoas, mas por ordens dos governos de diferentes países, estados e municípios. Um estudo comprovou que o uso de máscaras pode reduzir a propagação do vírus em até em 85%. De fato, máscaras são essenciais agora, mas o material faz toda a diferença.

Elas não são capazes de impedir que uma pessoa pegue a doença, mas conseguem diminuir a incidência de gotículas de água liberadas, que poderiam conter o vírus. Dessa maneira, a utilização de máscaras é uma forma de garantir a segurança dos outros e de nós mesmos.

O problema é que nem todas as pessoas sabem qual é a maneira correta de utilizar máscaras. Outra questão é referente ao material utilizado para a confecção delas.

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Nesse modelo, os pesquisadores utilizaram uma máscara facial feita com um lenço dobrado. Foto: Florida Atlantic University, Verma ETC.

Sem máscara, espirros podem ultrapassar o distanciamento social

Em um estudo publicado recentemente, pesquisadores utilizaram uma cabeça de manequim oca para examinar a eficácia de diferentes tipos de máscaras, que servem para cobrir o nariz e a boca. Tudo foi preparado para que as posições da boca e do nariz ficassem semelhantes às de um adulto.

Os pesquisadores colocaram a cabeça a 1,72 metro de altura, para simular um homem adulto de estatura média. Além disso, instalaram um equipamento para dar pressão, reproduzindo espirros.

Para emitir partículas que poderiam ser capturadas em imagens, a equipe utilizou de uma máquina de neblina. Na sequência, com a utilização de um laser verde, criaram um efeito de expansão, para identificar por onde o “espirro” poderia se dissipar.

Máscaras são essenciais agora, mas o material faz toda a diferença
Na representação, o manequim usa uma máscara de cone não esterelizada. Foto: Florida Atlantic University, Verma ETC.

Máscaras são essenciais agora, mas o material faz toda a diferença, mostra estudo

Foram testadas máscaras simples em camada única, algumas máscaras de algodão caseiras costuradas com dois pedaços de tecido e uma máscara de cone não estéril.

As descobertas indicaram que as máscaras de camada única não conseguiram oferecer um bom desempenho quanto a parar as menores gotículas, que poderiam ficar no ar por dias. Por outro lado, as mais eficazes foram as máscaras caseiras com múltiplas camadas, assim como as não estéreis de cone, que ajudaram a reduzir o alcance das tosses e espirros.

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Nesse modelo, o manequim utiliza uma máscara facial com duas camadas, feita em algodão de alcochoado. Foto: Florida Atlantic University, Verma ETC.

O problema é que até mesmo nas melhores máscaras houve certo vazamento, ainda assim, os resultados foram bem melhores do que na máscara de simples.

“Além de fornecer uma indicação inicial da eficácia do equipamento de proteção, os recursos visuais usados ​​em nosso estudo podem ajudar a transmitir ao público em geral a lógica por trás das diretrizes e recomendações de distanciamento social para o uso de máscaras”, disse Siddhartha Verma, principal autor do estudo e professor assistente do Departamento de Engenharia Oceânica e Mecânica da Florida Atlantic University, em comunicado.

O material perfeito

Um estudo anterior publicado na ACS Nano já havia mostrado que o material utilizado na produção das máscaras artesanais pode fazer toda a diferença na hora de conter a disseminação do vírus.

Inicialmente os pesquisadores testaram máscaras compostas por apenas uma amostra de tecido, nessa fase dos testes, o tecido de algodão de alta tecelagem mostrou mais eficácia que os demais tecidos. Uma única camada de um tecido de algodão foi capaz de conter até 80% das partículas de aerosol. Mas foi quando a equipe de pesquisa utilizou a mistura de dois tecidos, que eles encontraram o material perfeito para a confecção de máscaras caseiras. O estudo mostrou que uma mistura de dois tecidos de texturas diferentes tinham uma eficácia de mais de 90% em conter as pequenas partículas de aerosol.

Durante o estudo foram testadas combinações de algodão e seda, algodão e chiffon, algodão e flanela.

O estudo foi publicado na Physics of Fluids, confira.

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