Maior raio da história caiu sobre o Brasil no Halloween de 2018

Felipe Miranda
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Um raio de 2018 virou notícia por ter batido um recorde mundial. Seu tamanho é o suficiente para ligar a cidade de São Paulo a Florianópolis, capital Catarinense, ou de Belo Horizonte até Brasília. Foi o maior raio registrado em toda a história.

No total, foram registrados 709 quilômetros de comprimento, um número superior ao dobro do recorde anterior, registrado em Oklahoma, estado dos Estados Unidos com 321 km de extensão em 2007.

O mais engraçado, talvez, é o fato de que o raio, que cruzou os céus do estado de Santa Catarina, foi registrado exatamente no dia do Halloween, em 31 de outubro de 2018.

A Organização Meteorológica Mundial também registrou o raio de maior duração da história, na Argentina em 2019, com uma duração total de 16,73. Ele também superou em mais que o dobro o recorde anterior, de 7,74 na França, em 2012.

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Caminho do raio. Ao sudoeste pode-se ver também o raio de maior duração temporal, na Argentina. Imagem: Organização Meteorológica Mundial

Por que os raios estão aumentando tanto?

Randall Cerveny, relator-chefe de extremos climáticos da Organização Meteorológica Mundial, disse ao portal G1 em 2020 que “esses são registros extraordinários de eventos únicos de relâmpagos. Eventos climáticos extremos são medidas vivas do que a natureza é capaz, bem como o progresso científico em poder fazer essas avaliações”.

O professor Cerveny também fala ao portal sobre os pontos positivos dessas medições para um melhor planejamento na engenharia e na construção de infraestruturas.

“Isso fornecerá informações valiosas para o estabelecimento de limites à escala de raios – incluindo megaflashes – para questões de engenharia, segurança e científicas”, diz.

A OMM diz que é bastante possível que já tenha havido muitos raios maiores durante os últimos anos. Entretanto, o que ocorreu é que apenas não o registramos. Não são os raios que estão aumentando, nós que estamos melhorando o monitoramento. Portanto, esse é o maior registro e não de fato o maior raio da história mundial.

É extremamente essencial entender melhor o mecanismo desses fenômenos atmosféricos, já que são extremamente comuns. Estima-se que caem 78 milhões de raios todos os anos só no Brasil.

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Raio de maior duração temporal, na Argentina, em 2019. Imagem: Organização Meteorológica Mundial

O perigo dos raios

Pode parecer um tanto bizarro, mas sim, muitas pessoas morrem por raios. Entre 2000 e 2009 foram 2.194 mortes por raios no Brasil, dos quais 327 em São Paulo, estado que lidera o número.

Por ser um país tropical, o Brasil está entre os locais com maior incidência de raios no mundo. De todos os países, a cada 50 mortes causadas por raios, 1 ocorre no Brasil.

Como surge um raio?

Nem parece que tamanho poder é gerado por simples colisões entre cristais de gelo e partículas de água. Mas é. Os raios ocorrem com o encontro de nuvens frias e nuvens mais quentes.

Uma tempestade geralmente se forma com o encontro de massas de ar frio e massas de ar quente. No ar frio, formam-se os cristais de gelo, e no ar mais quente, as gotículas de água.

Esses cristais e gotículas vão se chocando e atritando entre si, gerando muita – muita mesmo – energia potencial, até que a nuvem fica extremamente negativamente carregada.

Na natureza, tudo tende a se equilibrar, e algum local – o solo ou outra nuvem, por exemplo – pode estar carregado positivamente, e essa descarga se deslocará até lá, formando o raio.

E sim, como o raio depende apenas na diferença de potencial de de cargas, um raio pode fazer o caminho inverso, saindo do chão, se muito negativo e indo até alguma nuvem para equilibrar, portanto.

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