Machado e espada de três milênios encontrados na República Tcheca

Felipe Miranda
(Museu da Silésia, República Tchea).

Um coletor de cogumelos na República Tcheca, no Leste Europeu, encontrou uma espada de três milênios, junto a um machado fabricado em bronze, também datado da mesma época. No momento em que encontrou os objetos, Roman Novák coletava cogumelos.

“Acabara de chover e fui colher cogumelos. Enquanto eu ia, vi um pedaço de metal saindo de algumas pedras. Eu chutei e descobri que era uma lâmina, parte de uma espada. Então cavei mais um pouco e encontrei um machado de bronze”, explica Novák à emissora pública de rádio Tcheca Radio Prague Internacional.

Nas áreas rurais da Tchéquia, a busca por cogumelos para fins alimentícios é um passatempo comum. Quando chove, eles incham, e ficam mais visíveis. Por isso que Novák saiu logo após a chuva. Para encontrar os cogumelos, ele precisa ficar atento ao chão, e por isso encontrou facilmente a espada e o machado levemente visíveis. 

Cultura Urnfield

Sabendo que tratava-se, possivelmente, de objetos raros, Novák contatou arqueólogos, que constataram a idade dos objetos. Museu da Silésia, na cidade tcheca de Opava, planeja enviar uma equipe para uma escavação formal na área, a fim de localizar novos artefatos arqueológicos. 

“A espada tem um cabo octogonal. É apenas a segunda espada desse tipo a ser encontrada aqui”, diz Jiří Juchelka, chefe do departamento de arqueologia do Museu da Silésia. Não encontram muitas dessas espadas por lá por que são espadas comumente utilizadas, próximas ao ano de 1.300 AEC, na região onde hoje é o norte da Alemanha. Por algum motivo alguém a levou até ali, junto ao machado e a espada encontrada anteriormente.

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(Museu da Silésia, República Tchea).

Acredita-se que sejam, talvez, objetos utilizados no comércio, pois possuíam um grande valor para a Cultura Urnfield, povos que possivelmente falavam uma derivação de língua baseada no ítalo-céltico – um dos povos cujos sucessores os romanos chamavam de bárbaros. Até então, a Cultura Urnfield apenas se iniciava. Segundo o Ancient Origins, a cultura levava esse nome por cremar os mortos e depositar as cinzas em urnas; depois, eles enterravam as urnas no campo.

No entanto, eles ainda investigarão para entender o motivo da espada por ali. Outras descobertas arqueológicas na escavação ajudarão no trabalho. “É como um quebra-cabeça. Temos apenas quatro pequenos fragmentos da história que aconteceu agora, então temos que começar a juntar tudo”, diz Milan Rychlý, do Museu Etnográfico de Jesenicko.

Como é uma espada de três milênios?

Os pesquisadores destacam, ainda, a função da espada. O material ideal para espadas de batalhas são o ferro e o aço. O bronze, no entanto, possuiu outra função – uma função simbólica. Eles fariam, mais tarde, espadas de ferro, martelando o material quente para moldá-lo – aquela visão clássica de um ferreiro martelando o ferro em brasa, ainda incandescente pelo calor. No entanto, para a espada de bronze, eles derretiam o material e o depositavam em um molde. 

Um ponto interessante é que, embora não fosse uma espada de combate, ela carrega algumas características úteis para combates, como o formato ortogonal de sua empunhadura. Esse formato de empunhadura trás uma pegada melhor para o combate. Pelo aumento de atrito, a espada fica melhor presa em sua mão do que um cabo liso e arredondado, principalmente com mãos sujas e suadas em campo de batalha.

“Eles estavam obviamente tentando o seu melhor, mas a qualidade da moldagem era realmente muito baixa. Os testes de raios-X mostram que existem muitas pequenas bolhas dentro da arma. Isso sugere que a espada não foi usada em combate, mas sim um valor simbólico”, explica Juchelka à Radio Prague Internacional.

Além desses estudos preliminares da espada de três milênios, o Museu da Silésia encomendou diversas análises especializadas das diversas características da espada. Após estudá-la, eles a colocarão em exibição. 

Com informações de Ancient Origins, Live ScienceRadio Prague International.

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