Homem cremado era radioativo e ninguém sabia

Damares Alves

Em 2017, um homem que morreu e câncer no pâncreas no Estado do Arizona, EUA, foi cremado. Mas o que ninguém sabia é que dois dias antes de sua morte ele havia realizado uma sessão de quimioterapia.

Quando os médicos responsáveis ​​pelo tratamento e o departamento de segurança radiológica do hospital inicial souberam da morte do homem, eles entraram em contato com o crematório. Mas já era tarde demais.

Um cadáver radioativo

Quase um mês após a cremação, uma equipe de pesquisadores utilizou um contador Geiger para detectar os níveis de radiação dentro da câmara de cremação e em equipamentos, incluindo o forno, filtro a vácuo e o triturador de ossos. O resultado é que eles detectaram níveis razoavelmente elevados de radiação. A radiação vinha de um radionuclídeo chamado lutécio Lu 177, o mesmo composto radioativo usado para tratar o homem. Esta foi a primeira vez que este composto foi detectado nas instalações de um crematório.

Embora não haja nenhuma prova definitiva ligando especificamente a dosagem do radiofármaco do paciente aos níveis de radiação detectados no crematório, é certamente a explicação mais plausível para como esses níveis de traços de lutécio Lu 177 poderiam estar no local.

Esta não é a parte mais preocupante da história

Após encontrar traços de material radioativos no local em que o corpo foi incinerado, os pesquisadores decidiram então examinar o funcionário do crematório. O objetivo era saber se ele havia se contaminado.

Após um exame de urina, a equipe não encontrou qualquer vestígio de lutécio Lu 177 no corpo do funcionário. Entretanto, eles se depararam com uma surpresa: um isótopo radioativo diferente, chamado tecnécio Tc 99m estava presente na amostra. Segundo o operador do crematório, ele nunca havia sido exposto a tal composto.

Por causa disso, os pesquisadores dizem que é plausível que o operador pudesse ter sido exposto a tecnécio volatilizado Tc 99m enquanto cremava outros restos humanos – e se eles estiverem certos, poderíamos estar olhando para um problema mais amplo aqui, e não apenas um caso isolado.

O estudo que relata o caso foi publicado na revista JAMA.

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