Cientistas localizaram a fonte física da ansiedade no cérebro

Amanda dos Santos
Cientistas localizaram a ansiedade no cérebro de camundongos. (Pixabay)

Não estamos programados para nos sentirmos seguros todo o tempo, mas um dia talvez possamos estar. Um estudo de 2018 investigou a base neurológica da ansiedade no cérebro e identificou as ‘células de ansiedade’ no hipocampo de camundongos.

As células não apenas regulam o comportamento ansioso, mas podem ser controladas por um feixe de luz. As descobertas, até então demonstradas em experimentos com ratos de laboratório, oferecem esperança para milhões de pessoas em todo o mundo com o transtorno de ansiedade.

Nos Estados Unidos, um em cada cinco adultos sofrem com esse transtorno. O estudo pode levar a novas drogas que silenciam a ansiedade, os neurônios de controle.

Sentimento de ansiedade e sua fonte

O neurocientista Mazen Kheirbek, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, foi um dos pesquisadores do estudo. Ele explicou que o objetivo era entender onde a informação emocional que entra no sentimento de ansiedade está codificada no cérebro.

células de ansiedade
Células de ansiedade (Hen Lab / Columbia University)

Ou seja, para descobrir, a equipe usou uma técnica chamada imagem de cálcio, inserindo microscópios em miniatura nos cérebros de ratos de laboratório para registrar a atividade das células no hipocampo. Isso enquanto os animais percorriam seus compartimentos.

Porque essas não eram gaiolas comuns. Os pesquisadores construíram labirintos especiais onde alguns caminhos levavam a espaços abertos e plataformas elevadas. Assim, eram ambientes expostos que induziam a ansiedade em ratos, devido ao aumento de vulnerabilidade a predadores.

Portanto, longe da segurança das paredes, algo disparou na cabeça dos ratos. A equipe observava células em uma parte do hipocampo chamada CA1 ventral (vCA1) disparando e, quanto mais ansiosos os ratos ficavam, maior a atividade dos neurônios.

O estudo levanta uma questão

O pesquisador sênior Rene Hen, da Universidade de Columbia, explica que as células são consideradas como sendo de ansiedade porque elas só disparam quando os animais estão em locais inatamente assustadores para eles.

A saída dessas células foi rastreada até o hipotálamo, uma região do cérebro que, entre outras coisas, regula os hormônios que controlam as emoções. Como esse mesmo processo de regulação também opera em pessoas, não só em ratos de laboratório expostos a labirintos indutores de ansiedade, os pesquisadores levantam a hipótese dos próprios neurônios de ansiedade serem parte da biologia humana.

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Os cientistas concentraram-se nos neurônios específicos de camundongos. Imagem: SPL / Science Source

Agora que eles encontraram essas células no hipocampo, novas áreas de exploração de ideias para o tratamento surgem e que eram desconhecidas, disse uma das pessoas da equipe, Jessica Jimenez. Ela é do Vagelos College of Physicians & Surgeons da Universidade de Columbia.

Ainda melhor é a descoberta de controle das células de ansiedade, pelo menos em ratos. A medida é que isso realmente muda o comportamento observável dos animais. Usando a técnica chamada optogenética para lançar um feixe de luz sobre as células na região do vCA1, os pesquisadores silenciaram efetivamente as células de ansiedade.

Além de estimularem a atividade confiante e livre de ansiedade nos ratos. O que eles descobriram foi um comportamento menos ansioso. Concluindo, os ratos tendiam a explorar mais os braços abertos do labirinto.

O estudo científico foi publicado no periódico Neuron.

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