Enguias produzem choques 10 vezes mais fortes quando caçam em bando

Mateus Marchetto
Enguias elétricas podem formar grupos para caçar, causando choques de mais de 8000 volts! (Imagem de k10legs por Pixabay)

Enguias elétricas são um tipo de peixe que consegue produzir correntes elétricas para abater suas presas. Assim, esses animais possuem células musculares modificadas que produzem uma pequena voltagem. Como cada peixe pode ter milhares dessas células, uma enguia adulta pode dar um choque de 860 volts. Contudo, pesquisadores puderam observar que as enguias podem se agrupar e caçar em grupo. Isso faz com que uma descarga de um bando de enguias possa passar dos 8000 volts, o equivalente a uma arma de choque. Cientistas do Smithsonian National Museum of Natural History registraram o comportamento de caça das enguias, publicando suas descobertas no último dia 14.

Os grupos de caça podem ter até 100 enguias. Elas formam um cerco em volta do cardume de presas e levam-no para águas mais rasas. Uma vez que os peixes estão encurralados, um número entre 2 e 10 dos peixes elétricos vai para o centro do cerco e simultaneamente descarregam sua energia. Essa corrente gigantesca faz com que diversos tetra (presas comuns das enguias) voem para fora da água e caiam novamente imobilizados. Assim, a caçada termina e os caçadores se alimentam dos peixes que ainda estão imóveis ou abatidos na água. Os autores do artigo – disponível no periódico Wiley, ressaltam que esse é um dos primeiros casos de caça social em enguias e mesmo em peixes.

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Pixabay

Enguias podem não ser caçadores tão solitários, afinal

Até a descoberta, acreditava-se que as enguias eram, sobretudo, caçadores solitários. E, de fato, isso é o que acontece na maior parte do tempo. Entretanto, os autores acreditam que alguns cardumes de presas podem ficar mais atentos para os predadores próximos, o que dificulta bastante a caçada. Portanto, os pesquisadores acreditam que os peixes elétricos podem se juntar para atacar certos cardumes. Esse comportamento, por sua vez, foi registrado cinco vezes desde o ano de 2012, quando pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), capturaram as primeiras imagens desses animais caçando em bando.

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