Creme facial de quase 3.000 anos encontrado em tumba chinesa

Damares Alves
(Dr. Bin Han, University of Chinese Academy of Sciences, China)

Não é de hoje que as pessoas se preocupam em cuidar de sua aparência. Há séculos, os antigos produzem cosméticos e os tratamentos de beleza mais variados, desde os mais simples a base de cremes e óleos, aos mais exóticos como os banhos em leite de burra azedo, aderidos pela rainha Cleópatra. Agora, uma equipe de arqueólogos se deparou com um pote de creme facial de quase 3.000 anos em um túmulo chinês.

Segundo um artigo publicado na revista Archaeometry, um pote de creme facial datado de 2.700 anos foi encontrado no túmulo de um nobre chinês.

O creme facial de quase 3.000 anos

Arqueólogos que escavavam no sítio arqueológico Liujiawa na província de Shaanxi, na China, encontraram o túmulo de um membro da aristocracia chinesa. Na tumba foram encontrados um conjunto de armas e um jarro de bronze decorado contendo o creme cosmético.

O creme era composto de uma mistura de gordura animal e uma substância chamada “leite da lua”. Segundo o New Scientist, a descoberta é a primeira evidência de um homem chinês usando cosméticos, embora haja evidências mais antigas de mulheres chinesas fazendo isso.

Creme facial de quase 3.000 anos
O jarro contendo o creme facial de quase 3.000 anos. (Universidade da Academia Chinesa de Ciências, China)

Composição do cosmético antigo

Uma análise detalhada mostrou que o creme facial era composto por gordura animal e carbonato, o carbonato era mono-hidrocalcita, uma forma de carbonato de cálcio que pode ser proveniente de espeleotemas de cavernas de calcário. Essa substância branca cremosa é chamada de “leite lunar”. O carbonato de cálcio é bom na absorção de suor e óleo, o que poderia ter dado ao creme um efeito matificante ao produto. O branqueamento da pele era culturalmente popular durante este período da história da China, e a tonalidade pastosa do leite lunar se presta a essa função. Além disso, os pesquisadores teorizam que sua presença no creme provavelmente tinha ligações com o “Taoist School Cave Cultus”. Certas cavernas foram selecionadas como locais sagrados taoístas, o que poderia ter levado à descoberta, ao valor espiritual e ao uso cosmético do leite lunar.

Creme facial de quase 3.000 anos leite lunar
(Dr. Bin Han, Universidade da Academia Chinesa de Ciências, China)

Analisando a gordura animal encontrada no produto, os arqueólogos concluíram o óleo vinha de uma espécie de ruminante, provavelmente de vacas. A gordura provavelmente foi usada para da ao carbonato de cálcio uma textura de creme, além do efeito hidratante.

Esta descoberta é um grande avanço na compreensão da indústria cosmética inicial na China e é a primeira evidência do uso de gordura bovina em cosméticos chineses antigos. E o fato do produto ter sido descoberto na tumba de um indivíduo do sexo masculino é significativo, já que no geral são as mulheres que mais descrevem o uso de cosméticos em registros históricos desse período e anteriores.


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