Corvos pensam conscientemente, mostra experimento

Ruth Rodrigues
(Sandra Standbridge / Moment / Getty Images)

Pertencentes à família Corvidae, os corvos são animais bastante inteligentes. No entanto, uma nova pesquisa, publicada na revista Science, demonstrou que a mente dessas aves funciona de um jeito peculiar. Dessa maneira, os pesquisadores descobriram que esses animais possuem uma forma de consciência que os fazem compreender, de um jeito subjetivo, tudo o que está ao seu redor.

A diferença entre o cérebro de aves e primatas

Até o momento que antecedeu esse novo projeto, os únicos que possuíam esse tipo de consciência eram os primatas. Sendo assim, uma consciência primária ou sensorial descoberta nessa espécie fará o mundo científico repensar em como ela surge e de que forma atua nos animais.

Tentar desvendar a maneira que essa consciência atua nos primatas foi, de certa forma, mais simples, uma vez que os humanos conseguem verbalizar, e os corvos não. No entanto, para ultrapassar esse obstáculo, os especialistas observaram a forma que as aves agiam no momento de fazer uma escolha.

Em termos de complexidade, a consciência primária é considerada a forma mais básica de consciência. Essa, por sua vez, está associada com uma região complexa do cérebro conhecida como córtex cerebral. Todavia, esse órgão tende a se diferenciar dentre uma espécie para outra. A estrutura cerebral desses pássaros possui algumas diferenças.

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(Micael Widell/Unsplash)

A principal delas é a distribuição por camadas. Por exemplo, o córtex cerebral no cérebro humano é dividido em camadas, enquanto que nas aves possuem uma estrutura lisa. Mesmo sabendo da inteligência dos corvídeos, ainda não havia sido encontrado uma prova concreta que esses animais pudessem ter um pensamento consciente.

Estudando a consciência dos corvos

Para que a pesquisa fosse realizada, Andreas Nieder, da Universidade de Tübingen, e sua equipe usaram somente 2 indivíduos da espécie Corvus corone. Primeiramente, os animais foram treinados para que pudessem responder aos estímulos visuais. Ambos os pássaros deveriam mover a cabeça quando conseguiam enxergar as luzes provenientes de telas.

Em alguns momentos, a luz emitida era mais fraca e difícil de ser detectada. No entanto, as aves conseguiam visualizá-las em determinadas vezes. É nessa fase que a consciência sensorial foi analisada. Os estímulos neurais foram capturados por meio dos eletrodos inseridos na região cerebral dos dois pássaros. As atividades cerebrais dos animais possuíam um padrão.

Assim, os cientistas conseguiam prever quando a resposta para determinada pergunta seria “sim” e quando seria “não”. Dessa forma, o estudo revela que as células nervosas de ambos os animais recebem uma forte influência quando experimentam uma situação subjetiva. O resultado final é que, não há necessidade de um cérebro estruturado em camadas para que o corpo tenha experiências subjetivas.

“Os últimos ancestrais comuns de humanos e corvos viveram 320 milhões de anos atrás. É possível que a consciência da percepção tenha surgido naquela época e tenha sido transmitida desde então. Em qualquer caso, a capacidade da experiência consciente pode ser realizada em cérebros estruturados de forma diferente e independentemente do córtex cerebral”, revela Nieder.

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