Aves se orientam pelo campo magnético; estudo mostra como

Mateus Marchetto
Estudos mostraram que os tordos (imagem acima) podem vizualizar o campo magnético do planeta. (David Mark/Pixabay)

Por muitos anos pesquisadores souberam que aves migratórias usam o campo magnético da Terra para se orientar. Alguns outros animais, como tartarugas e bois também podem, perceber e se orientar pelo magnetismo do planeta. Apesar disso ser um fato conhecido, nunca se soube exatamente como as aves e outros animais migratórios conseguem sentir ou ver campos magnéticos. Isso, todavia, acaba de mudar. Dois estudos, da Universidade de Lund, na Suécia e da  Carl von Ossietzky University Oldenburg, na Alemanha, mostraram como aves conseguem identificar o campo magnético da Terra.

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Joanjo Puertos Muñoz/Pixabay

Os pesquisadores analisaram tordos e mandarins em busca de pistas sobre o GPS magnético desses animais. A descoberta é que esses pássaros possuem uma proteína chamada Cry4 em seus olhos. A Cry4 pertence a um grupo de proteínas com o nome de criptocromos, que são sensíveis à luz azul. Acontece que essas proteínas também reagem na presença de um campo magnético. Dessa forma os pássaros conseguem visualizar o norte do planeta. Outros animais e plantas também possuem esse tipo de proteína, principalmente associadas ao ciclo circadiano e regulação de metabolismo.

Conquanto agora se saiba o que acontece, ainda existem aspectos bem desconhecidos desse processo de localização. Isso porque o campo magnético causa uma alteração no spin dos elétrons presentes na proteína. O spin é uma característica inata dos elétrons que influencia profundamente a organização dos elétrons ao redor de um átomo. Ademais, campos magnéticos afetam o spin por processos quânticos – que diga-se de passagem, ainda não são muito entendidos por ninguém, nem mesmo Einstein.

Migração e o campo magnético

Uma grande parte dos peixes, aves e mamíferos do planeta são animais migratórios. Ou seja, esses bichos viajam de tempos em tempos para buscar lugares mais favoráveis, com mais alimento, água ou temperaturas melhores. Esse processo é essencial para a sobrevivência dessas espécies, como as baleias jubarte, que podem viajar até 10.000km em busca de alimento e águas mais quentes. Há evidências que centenas desses animais migratórios usam o campo magnético do planeta para se orientar durante as viagens.

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Helmut Stirnweis/Pixabay

O campo magnético, por sua vez, acontece pela movimentação do ferro líquido na parte mais externa do núcleo da Terra. Esse movimento cria uma corrente eletromagnética ao redor de todo o planeta. Essa é a Teoria do Dínamo. Isso faz com que o planeta se comporte como um grande imã, com uma polaridade magnética. Essa campo, aliás, protege a Terra de tempestades solares e outros eventos astronômicos que poderiam fritar todos os eletrônicos do mundo.

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OpenClipart-Vectors/Pixabay

Para completar as evidências, portanto, os cientistas ainda puderam observar que a proteína Cry4 tinha uma produção muito mais alta no organismo dos pássaros durante os períodos migratórios. Ou seja, mais um indicativo de que, de fato, esses animais conseguem viajar longas distâncias se baseando na visualização do campo magnético.

Os artigos estão disponíveis nos periódicos Current Biology e The Royal Society.

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