Os objetos de plástico que mais matam animais marinhos, segundo estudo

Mateus Marchetto
Um estudo literário de dezenas de artigos mostrou quais os tipos de plásticos mais mortais para as espécies marinhas. (Imagem de Eveline de Bruin por Pixabay)

A poluição do plástico é um problema global. Basicamente todo o comércio depende de plástico para embalagens, utensílios e ferramentas. Invariavelmente, a maior parte do plástico não passa por nenhum processo de reciclagem e acaba nos oceanos. Esses resíduos objetos de plástico podem durar até 400 anos no oceano e ainda formar microplásticos a partir da degradação de materiais maiores.

Nesse sentido, Lauren Roman conduziu um artigo de revisão de dezenas de outros estudos acerca da poluição de objetos plásticos nos oceanos. O objetivo do estudo era identificar quais os tipos de plástico são os principais responsáveis pela morte de diversos animais marinhos. Os resultados desse tipo de pesquisa são, portanto, importantes para identificar os tipos de poluente que precisam ser mais controlados e retirados do ambiente, dependendo de cada região do planeta.

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(Imagem de Sergei Tokmakov, Esq. por Pixabay)

O estudo mostrou que para cada animal marinho há um vilão principal. Dentre os objetos mais mortais estão: restos de equipamentos de pesca, sacolas plásticas, balões e utensílios plásticos em geral, como copos. Toda a revisão envolveu 76 estudos anteriores, levando em consideração 1.328 animais marinhos, sendo 132 cetáceos, 20 focas e leões marinhos, 515 tartarugas marinhas e 658 aves marinhas.

Objetos de plástico e seus impactos em cada animal

Para estabelecer os tipos de plástico mais danosos à fauna marinha, os pesquisadores estabeleceram uma escala de letalidade. De forma geral, plásticos mais flexíveis, como sacolas plásticas, podem bloquear o sistema digestório de animais maiores como tartarugas e baleias. Esse bloqueio acaba causando a morte de forma lenta, impedindo o animal de absorver nutrientes e matando-o ao longo de diversas semanas.

Plásticos mais resistentes, por sua vez, podem perfurar tecidos e causar lesões e hemorragias internas, além de facilitar o caminho para infecções oportunistas. Além do mais, os restos de redes e linhas de pesca acabam se prendendo ao animais, o que acaba imobilizando-os. Isso causa asfixia e mesmo afogamento dos animais.

Focas e leões marinhos, em geral, não se alimentam de plásticos. Contudo, esses mamíferos marinhos acabam presos pelas linhas e redes, como citado acima. As baleias e tartarugas, por outro lado, acabam se alimentando de embalagens e sacolas flexíveis. Já as aves marinhas acabam afetadas principalmente por plásticos mais resistentes, como tampas de garrafa. Ademais, esses poluentes bloqueiam e se acumulam no sistema digestório e respiratório das aves.

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(Imagem de Sergei Tokmakov, Esq. por Pixabay)

O estudo, publicado no periódico Society for Conservation Biology, representa mais um passo em direção à proteção da fauna marinha. Isso porque a partir dos dados coletados e organizados pelos autores é possível prever e identificar quais tipos de poluentes são mais nocivos para cada ecossistema. Isso pode ajudar a combater e prevenir não só a morte de animais marinhos, mas também a extinção de espécies inteiras. Contudo, esse tipo de resultado só é possível por meio de políticas públicas de gerenciamento de resíduos e reciclagem de plástico.

O artigo está disponível no periódico Society for Conservation Biology.

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