Cientistas encontram nova base militar romana na Sérvia

Felipe Miranda
(Reuters / Marco Djurica).

A Sérvia é um país eslavo nos Balcãs. Embora seja bastante diferente da Europa ocidental (mais parecida com, por exemplo, a Rússia, também eslava), já integrou a esfera de influência do poderoso Império Romano. Agora, então, os pesquisadores encontraram uma nova base militar romana pela região.

A base localiza-se na antiga cidade de Viminacium, que fora capital da província romana de Mésia, ou Moésia, uma província do Império ali nos Balcãs. Note que o nome é em latim, e não segue o alfabeto cirílico. Nos dias de hoje, a Sérvia utiliza também o alfabeto latino, por influência da Europa Ociedental. 

Dentre todos os mais de 100 principiums (como os romanos chamavam essas bases) espalhados pelas áreas onde o Império Romano já dominou, a maior parte localiza-se abaixo do solo, como é o caso do sítio de Viminacium, pouquíssimo explorado. Quase todos eles localizam-se abaixo de cidades modernas, o que impede uma grande exploração.

Hoje, Viminacium localiza-se próximo à pequena cidade de Kostolac, que localiza-se consideravelmente próxima – cerca de 90 quilômetros – de Belgrado, a capital da Sérvia. 

A base militar romana

O curioso é que a base localizava-se logo abaixo do solo, em uma plantação de milho. Viminacium é uma cidade conhecida, um famoso sítio arqueológico Sérvio. A novidade está na nova base militar romana, localizada sob a plantação. Embora os pesquisadores a estudem há bastante tempo (desde 1882), sabe-se que conhecemos muito pouco do local. Conforme a Reuters, os arqueólogos dizem conhecer apenas 4% do sítio arqueológico de Viminacium.

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Modelo de Viminacium. (Sadko / Wikimedia Commons).

O principium localiza-se próximo a uma mina de carvão, e cobre uma área total de aproximadamente 3500 metros quadrados. Há, na base, cerca de quarenta quartos com aquecimento nas paredes, uma tesouraria, um santuário, uma área para desfiles e uma fonte de água.

Além disso, os pesquisadores viram algo esquisito – algumas moedas de prata espalhadas pelo chão. “A distribuição de moedas de um canto até a porta, sugere que elas caíram enquanto alguém fugia”, explica à Reuters o arqueólogo líder do sítio, Nemanja Mrdjic. Talvez eles fugiram por algum desastre natural, invasões, ou simplesmente insubordinação, com a queda do Imperador.

Em momentos anteriores, os pesquisadores encontraram artefatos romanos, como joias, obras de arte, louças azulejos, mosaicos, um barco, e até mesmo o incrível número de 14 mil tumbas romanas.

Fim da cidade, da VII Legião Claudia e a Queda do Império Romano

Quem comandou a base foi a VII Legião Claudia, que funcionou por algumas centenas de anos, entre os séculos II e V da Era Comum. A legião contava com 5 a 6 mil soldados, e possuía a missão de manter o domínio do Império sobre as vastas províncias espalhadas pelo estratégico entorno do mar do Mediterrâneo.

O século V é o período onde ocorre a queda do Império Romano do Ocidente. Após isso, portanto, há uma divisão, e sobra o equivalente ao Império Romano do Oriente, chamada de Império Bizantino, cuja capital foi Constantinopla. Claro que não ocorreu uma queda de todas as instituições públicas subordinadas ao Estado, do dia para a noite, mas a poderosa instituição Império Romano do Ocidente perde seu nome. 

Para exemplificar, embora o Império Romano tenha caído oficialmente no século V, a capital distrital de Viminacium caiu apenas no século VII, após 200 anos sem um Imperador. Os eslavos, povos dominados que habitavam a região mas eram dominados pelos romanos, invadiram e destruíram a cidade no século de sua queda.

Já Constantinopla cairá apenas em 1453, com a invasão do Império Otomano. Então, Constantinopla tornou-se a capital Otomana a partir de então. Hoje, Istambul é  a capital da Turquia, país remanescente do poderoso Império Otomano, que caiu em 1922, com a queda dos grandes Impérios da Europa após a Primeira Guerra Mundial.

Com informações de Ancient Origins e Reuters.

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