O Triássico teve uma extinção em massa que acaba de ser descoberta

Mateus Marchetto
Cientstas chineses encontraram evidências de uma extinção em massa "perdida" que pode ter aberto caminho para os dinossauros. (heimseiten_WebdesignKoeln/Pixabay)

Cientistas chineses descobriram recentemente evidências de uma extinção em massa que ocorreu durante o período Triássico. A extinção batizada de “Evento Pluvial do Carniano” pode ter acabado com mais de 30% de todas as espécies do planeta. Isso pode parecer pouco em comparação a outras extinções em massa. A extinção do Permiano-Triássico, por exemplo, aconteceu a mais ou menos 251 milhões de anos atrás e matou 96% de todas as espécies do planeta.

No entanto, o Evento Pluvial do Carniano pode ter sido importante para facilitar a evolução e explosão dos dinossauros – que aconteceu no final do Triássico. Esse período, aliás, começou há 251 milhões de anos e terminou 201 milhões de anos atrás. Nesse intervalo de tempo, a maior parte das espécies do planeta eram marinhas. Essas espécies, inclusive, foram as mais afetadas por essa extinção “perdida”.

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Imagem: Pixabay

Cientistas acreditam que no Evento Pluvial do Carniano, houve um período de chuvas que durou mais de um milhão de anos. Por conseguinte, os ambientes aquáticos acabaram passando por períodos de instabilidade nos níveis de oxigênio e temperatura. Todavia, o principal motivo de toda essa chuva podem ter sido erupções vulcânicas enormes. Os pesquisadores estimam que mais de 5.000 bilhões de toneladas (isso mesmo, 5.000 bilhões) de gás carbônico foram parar na atmosfera nesse período.

Todo esse CO2 favoreceu as chuvas e também acabou por deixá-las ácidas. Acontece que o gás carbônico, em contato com a água, pode formar uma pequena quantidade de ácido carbônico. Esse, aliás, foi o motivo direto da morte de tantas espécies oceânicas: a acidificação dos oceanos. Vale lembrar que esse processo está acontecendo também atualmente.

Como acontece uma extinção em massa

Existem 7 principais extinções em massa que ocorreram no mundo, contando com esse novo evento e também com a extinção do período quaternário. Essa última, aliás, está sendo causada por nós humanos (contudo, ainda há debates sobre essa classificação). De forma geral, uma extinção acontece por uma mudança rápida e extrema do hábitat de uma espécie. Na maioria das vezes, o gás carbônico é o principal responsável por essa mudança.

Assim, quando esses eventos são planetários, todas as espécies acabam sofrendo as consequências. Por exemplo, evento do Permiano-Triássico citado acima teve origem provavelmente em erupções contínuas de super-vulcões na região da Sibéria. O metano liberado no mar por vulcões subaquáticos também ajudou a eliminar a maior parte das espécies marinhas.

Contudo, por catastrófico que pareçam, esses eventos acabaram levando à evolução e sucesso de novas espécies. E é justamente isso que os pesquisadores acham que aconteceu com o Evento Pluvial do Carniano. Assim, os animais e plantas que sobreviveram a esse evento acabaram dando origem à fauna e flora que tomou conta do planeta nos próximos milhões de anos.

Mais tarde, há 200 milhões de anos, a extinção do Triássico-Jurássico também foi causada, acredita-se, por eventos vulcânicos que bagunçaram o clima no planeta.

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Imagem: Ajale/Pixabay

De qualquer forma, ainda pouco se sabe sobre as reais causas de qualquer uma dessas extinções em massa. Sendo eventos globais, as variáveis que podem ter dado início às mudanças são diversas. Contudo, a instabilidade climática já era um mau sinal há milhões e milhões de anos.

O estudo científico está disponível no periódico Science Advances

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