Ciência brasileira está por trás dos fundamentos da Neuralink

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Os trabalhos científicos sobre a interação cérebro-maquina não são recentes, como se dá a entender após o anúncio da Neuralink de conectar o cérebro a um computador.

O cientista brasileiro Miguel Nicolelis já estuda esse tipo de interação há quase 20 anos, e, ao longo desse tempo, ele e outros cientistas já colaboraram com muitos artigos, o que ofereceu aos pesquisadores da empresa de Elon Musk um caminho bem sólido por onde seguir.

Em artigo considerado clássico na pesquisa de cérebro-máquina, publicado na PLOS One, em 2003, Miguel Nicolelis e sua equipe descreveram pioneiramente como macacos podem usar somente o cérebro para fazer movimentos com braços robóticos.

Os resultados do artigo o levaram, mais tarde, a demonstrar esses resultados em humanos. Um desses protótipos foi exibido na abertura da Copa do Mundo de 2014.

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O exoesqueleto de Nicolelis fez uma brevíssima aparição na abertura da Copa. Imagem: Gizmodo/UOL

Apesar dos poucos segundos garantidos a ele na abertura, fazendo com que um paraplégico pudesse chutar uma bola com a interação cérebro-máquina, seu trabalho tem efeitos a longo prazo, como se demonstra com o anúncio da Neuralink.

O presidente da Neuralink, Max Hodak, chegou a usar a frase “estamos, no maior sentido, construindo sobre os ombros de gigantes”, quando se referiu à pesquisa de Nicolelis.

A Neuralink

Há alguns anos, o fundador da Tesla e SpaceX vem anunciando que está trabalhando num projeto voltado à neurociência e tecnologia, até que, na última terça-feira, Elon Musk revelou que seu time testou um implante que permite a um macaco controlar um computador com seu cérebro.

Nesse projeto, que nomearam Neuralink, buscam, através de um implante, criar uma interface quase instantânea entre um sistema digital e o cérebro, na medida em que o computador se torna uma extensão ininterrupta de nossa própria cognição. Ele lembrou que os humanos já fazem interface com sistemas digitais quando usam um smartphone ou laptop.

O dispositivo consiste em uma sonda minúscula de fios flexíveis ultrafinos, mais finos que um fio de cabelo humano, que podem detectar a atividade dos neurônios e efetivamente “ler” o cérebro, embora seja uma parte muito pequena dele.

Incluído nesse projeto, está o temor à Inteligência Artificial. Ele e seu time também buscam evitar a “ameaça existencial da IA”, no qual uma interface homem-computador perfeita daria à humanidade a opção de se relacionar com a IA, em vez de se tornar radicalmente inferior a ela.

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