A China lançou com sucesso a nave espacial Shenzhou-11, do deserto de Gobi, a partir de um foguete Longa Marcha 2F no último domingo 16 (segunda-feira na China).
A decolagem aconteceu conforme o planejado, às 21h30 (de Brasília) deste domingo (16), a partir do centro espacial de Jiuquan, no deserto de Gobi. O lançamento foi transmitido pela ao vivo CCTV, uma rede de TV chinesa. Cerca de dez minutos depois do lançamento, a cápsula com os astronautas já estava em órbita.

Foto do lançamento da Shenzhou-11 em 16/10/2016 a bordo de um foguete Long March 2F rumo à estação orbital chinesa Tiangong 2
Em 48 horas a espaçonave chinesa Shenzhou-11 encontrará com o laboratório orbital Tiangong-2 (“palácio celestial” em chinês) e lá ficará com os dois astronautas por mais 30 dias, de acordo com o planejado, antes de regressar a terra.

A espaçonave chinesa Shenzhou-11 parte de Jiuquan Satellite Launch Center (deserto de Gobi), na remota província de Gansu
Ficarão a bordo do laboratório orbital Tiangog-2 Jing Haipeng, comandante da missão, e Chen Dong, onde realizarão experimentos médicos e científicos. Jing Haipeng é experiente e esta é a sua terceira missão espacial. Ele esteve a bordo das missões Shenzhou-7, em 2008, e Shenzhou-9, em 2012. Já o taiconauta Chen Dong faz sua primeira viagem espacial.
“O sonho de todo astronauta é tentar executar várias missões espaciais “, disse Jing, que celebrará os seus cinquenta anos a bordo do laboratório orbital Tiangong-2.

Os taiconautas Jing Haipeng, comandante da missão, e Chen Dong em coletiva de imprensa a poucas horas antes do lançamento da Shenzhou-11. Eles desembarcam no próximo dia 18 de outubro (dia 19 na China) no laboratório espacial Tiangong 2, onde ficarão por um mês.
“Esta missão é caracterizada por sua duração mais longa e com mais testes”, disse o astronauta Chen Dong a repórteres em uma entrevista. “Vamos concentrar em melhorar a nossa capacidade de lidar com situações de emergência em órbita, primeiros socorros, habilidade de socorro mútuo e experimentos espaciais.”

Simulação da acoplagem do módulo Shenzhou-11 na estação orbital Tiangong-2
A exploração espacial chinesa
A China realizou sua primeira missão espacial tripulada em 2003, quando se tornou o terceiro país do mundo a desenvolver essa tecnologia, atrás apenas da Rússia (1961) e dos EUA (1962). Em 2011, lançou Tiangong-1, que foi retada de órbita em março último após estender por dois anos sua missão. Em 2013, o programa espacial chinês enviou à Lua o veículo explorador lunar Yutu e a sonda lunar Chang’e-3, que estudaram a estrutura geológica e pesquisaram a superfície lunar em busca de recursos naturais no planeta.

O rover lunar chinês Yutu, fotografado por sua sonda Chang’e-3, depois de a sonda pousar no Mare Imbrium, uma planície lunar. Crédito da imagem: CNAS / CLEP.
O futuro do programa espacial chinês
A missão Shenzhou-11 é um passo adiante nos planos da China de estabelecer uma estação espacial permanente tripulada até 2022. O presidente Xi Jinping pretende fazer de seu país uma potência espacial, e para tal a China tem investido consideráveis recursos nos setor aeroespacial. A conquista espacial, coordenada pelo Estado-Maior militar, é considerada na China um símbolo da força do país. Pequim investe bilhões de dólares nos programas espaciais para tentar chegar ao mesmo nível dos Estados Unidos, Europa e Rússia.
O programa espacial da China inclui ainda uma missão não tripulada rumo a Marte – o governo chinês espera que isso aconteça até 2020. E o objetivo de longo prazo do programa é a criação de uma estação espacial multimodular chinesa. Ela deve começar a ser construída em órbita em 2018, que é quando a China planeja lançar o módulo central da sua estação espacial, para estar concluída no início da década de 2020.
As estações espaciais
Nesse intuito de lançar sua própria estação orbital, a China propôs um acordo de cooperação espacial com a Rússia, principalmente em relação à construção da estação espacial chinesa, conforme anunciou neste domingo(16) o vice-diretor do escritório de engenharia espacial tripulada da China, Wu Ping. Uma estação espacial funciona como laboratório espacial, servindo de importante base para pesquisas científicas em diversas áreas.
“Desde o início do nosso programa espacial tripulado, lançamos mais de 20 projetos de cooperação com a agência espacial russa e alcançamos resultados construtivos. No futuro, durante a construção da estação espacial, esperamos aprofundar a cooperação e as trocas com a Rússia na escolha e no treinamento dos cosmonautas, na condução de experimentos científicos, etc.”, declarou Wu Ping em coletiva de imprensa.

A Estação Espacial Internacional, fruto de um acordo de cooperação entre Canadá, EUA, Japão, Rússia e Estados-membros da Agência Espacial Europeia, já conta com quinze anos de uso.
A Estação Espacial Internacional (ISS) completará dezesseis anos de operação no dia dois de novembro deste ano. A construção da estação espacial atualmente em operação começou em 1998 como uma empreitada conjunta de Canadá, EUA, Japão, Rússia e Estados-membros da Agência Espacial Europeia. A história tripulada da ISS teve início no dia 2 de novembro de 2000, quando a Soyuz TM-31 se acoplou ao laboratório orbital com seus primeiros três inquilinos, os cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Serguei Krikalev, e o astronauta americano William Shepherd.
Para que a ISS continue operante para além de 2020, que é quando o compromisso conjunto expira, todos os participantes do acordo internacional de construção e manutenção da ISS terão de consentir com a continuidade das atividades para que ela tenha sua vida útil estendida por mais quatros anos, embora muitos engenheiros acreditam que a estação poderá funcionar de forma segura ao menos até 2028. A Alemanha, maior contribuinte europeia ao projeto, certamente tem interesse em que a plataforma já em órbita – que custou US$ 100 bilhões – opere por muito tempo.
Caso a vida útil da ISS não seja ampliada até 2024, o que é pouco provável no momento já que o governo dos EUA já deu sinal verde à Nasa para aumentar o tempo de uso da ISS e outros países demonstraram o mesmo interesse, o governo chinês já terá, de acordo com o planejado, construído sua própria estação espacial.