Arqueólogo amador encontra tesouro da época de Constantino, o Grande

Dominic Albuquerque
O pote continha 1290 moedas romanas. Imagem: Archäologie Baselland

Um arqueólogo amador chamado Daniel Lüdin encontrou um tesouro cheio de moedas da época de Constantino, o Grande, enquanto perscrutava uma floresta em Bubendorf, na Suíça, próxima ao Castelo de Wildenstein, no início de setembro de 2021.

Passeando com seu detector de metais sobre o chão, ele observou um “forte sinal” sendo emitido de repente pelo dispositivo, segundo uma declaração do Archäologie Baselland, departamento de arqueologia do estado de Basel-Landschaft.

Quando começou a cavar, Lüdin se surpreendeu ao encontrar um pote de barro preenchido com 1.290 moedas.

Seguindo o protocolo arqueológico, Lüdin recobriu o pote e contatou os especialistas locais, que dataram o conjunto de moedas como pertencentes ao século IV EC, durante o reino do imperador romano Constantino, o Grande (de 306 a 337 EC). Na época, a Suíça fazia parte do Império Romano.

As moedas da época de Constantino, o Grande

Baseando-se na composição das moedas – liga de cobre e vestígios de prata – o tesouro não valeria muito na época em que foi enterrado. Ao invés disso, equivalia a dois meses do salário de um soldado, segundo a declaração.

Coletivamente, as moedas valeriam tanto quanto uma única moeda de ouro solidus, uma moeda de ouro puro introduzida pelo imperador na época do seu governo.

coin2
As moedas foram cunhadas durante o reinado de Constantino, o Grande (306 a 337 EC). Elas apresentam retratos do imperador e seus parentes. Imagem: Rahel C. Ackermann Inventory of Swiss Coin Finds

Encontrar moedas escondidas do período romano tardio, que os estudiosos definem como entre 250 a 450 EC, não é incomum.

Mais cedo nesse ano, um texugo no noroeste da Espanha encontrou um tesouro com mais de 90 moedas. A diferença em relação às moedas encontradas na Suíça é a sua época em específico, datada entre 332 a 335 EC, um período de relativa prosperidade, com poucas moedas tendo durado até hoje.

“Em tempos problemáticos, desencadeados por guerras civis, incursões de grupos étnicos vizinhos ou crises econômicas, muitas pessoas enterravam seus objetos de valor no chão para protegê-los de acesso não autorizado”, observa a declaração. “Durante o período em que o pote de Bubendorf foi escondido, há poucos tesouros comparáveis em todo o Império Romano. Esses anos se caracterizavam mais por sua estabilidade política e certa recuperação econômica”.

A época das moedas torna o achado “muito importante”, de acordo com Reto Marti, arqueólogo chefe da Archäologie Baselland. “Vai dar uma visão muito detalhada sobre o uso de dinheiro e a circulação de moedas na época de… Constantino, o Grande”.

Os especialistas costumam concordar que as pessoas enterravam seus tesouros durante momentos de grande estresse: por exemplo, durante a Peste Negra, ou a Reforma Inglesa.

Mas descobertas recentes levaram alguns estudiosos a especularem que certos conjuntos de moedas também serviam como ofertas ritualísticas, “talvez para [garantir] a riqueza de uma comunidade agrícola… como garantia de uma boa colheita ou bom tempo”, observou a Current Archaeology em 2010.

O novo tesouro do período de Constantino foi encontrado na fronteira entre três estados romanos, indicando a possibilidade de ter sido enterrado como um santuário fronteiriço, ou um sacrifício aos deuses, segundo a declaração.

Enquanto analisavam as moedas com tomografia computadorizada, os arqueólogos encontravam um pedaço de couro dividindo o conjunto em dois, indicando que o dinheiro poderia ter pertencido a dois grupos diferentes.

Compartilhar