Aranhas que transmitem doenças estão se espalhando pelo Reino Unido

Mateus Marchetto
Pesquisadores descobriram que as falsas viúvas-negras podem transmitir doenças infecciosas. (AtanasPapazov/Pixabay)

Pequenas aranhas marrom-escuro. Essa é a aparência das Steatoda nobilis, também conhecidas como falsa viúva-negra. Essas aranhas foram vistas por volta de 1870 pela primeira vez nas praias da Inglaterra. Contudo, nessa época a população desses aracnídeos não era tão grande quanto hoje. Acontece que está havendo uma explosão no número de falsas viúvas-negras no Reino Unido, em geral por causa do aquecimento global.

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(Augusto Ramirez Vallejo/Pixabay)

Esses animais são venenosos. Todavia, o veneno por si só em geral não causa problemas sérios. O problema é que cientistas acabam de descobrir que a picada dessas aranhas pode carregar também bactérias que causam doenças, além de veneno. Por esse motivo, diversos casos de picadas dessas aranhas resultaram em infecções sérias para as vítimas.

Apesar do número de casos de picadas por ano ser bastante baixo, em torno de 10, os pesquisadores estão alarmados. Isso porque esses animais se reproduzem muito em climas mais quentes. Com o aquecimento global, a população de S. nobilis do Reino Unido, principalmente da Inglaterra, está crescendo de forma muito rápida. O problema além do aumento das picadas é que esses aracnídeos podem não só transportar bactérias, mas também bactérias resistentes.

Aranhas e superbactérias

A resistência é um fenômeno importante nos microrganismos. Nesse sentido, quando um antibiótico é mal utilizado ele acaba matando a maioria das bactérias, mas deixa algumas. Essas que sobraram geralmente são resistentes àquela droga. Como todo o resto da população morreu por conta do antibiótico, agora os microrganismos resistentes podem se multiplicar e criar toda uma nova comunidade resistente. Tomar o antibiótico nos prazos certos, por exemplo, ajuda a manter a concentração alta do medicamento e eliminar mesmo as bactérias resistentes.

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Cultura de bactérias em uma placa de Petri. (nadya_il/Pixabay)

Contudo, antibióticos também são usados em animais. As criações feitas em espaços fechados ou restritos estão sujeitas a epidemias. Para evitar isso, diversos tipos de antibióticos são aplicados nas rações dos animais, por vezes de forma errada. Isso faz com que a chance de um supermicróbio sobreviver aumente exponencialmente.

No estudo publicado no dia 01 de dezembro, os pesquisadores chamam atenção, inclusive, para isso. Nesse sentido, eles encontraram 22 espécies de bactérias habitando as presas das aranhas. Dessas espécies, 12 podem causar doenças para os seres humanos. Ademais, os pesquisadores registraram níveis alarmantes de resistência a antibióticos em alguns dos microrganismos coletados.

Apesar de tudo, não há motivo para pânico

Aranhas venenosas que transmitem superbactérias podem talvez pareçam assustadoras. Entretanto, como dito antes, o número de incidentes com seres humanos é ainda bastante baixo para criar alarme. Vale lembrar, ainda, que como a maioria das espécies selvagens, as aranhas só atacam humanos caso se sintam ameaçadas. Isso pode acontecer quando uma pessoa acaba colocando um calçado ou deitando em lençóis sem antes os verificar.

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(E. Dichtl/Pixabay)

De fato as aranhas Steatoda nobilis devem alcançar regiões mais ao norte do Reino Unido nos próximos anos, conforme o aquecimento global progredir. Ao perceber uma picada de qualquer aranha, uma pessoa deve se dirigir a um hospital e, se possível, tentar identificar o bicho. Isso pode tornar o tratamento mais rápido. Vale lembrar, ademais, que ainda existem tipos de antibióticos que podem tratar infecções super resistentes.

O estudo científico foi publicado no periódico Scientific Reports.

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