A imunidade ao coronavírus dura?

Amanda dos Santos
A imunidade ao novo coronavírus pode ter vida curta. (Imagem: Pixabay)

Os coronavírus que causam o resfriado comum podem infectar as pessoas várias vezes, o que sugere que a imunidade ao coronavírus responsável pelo COVID-19 pode ter vida curta.

Em um novo estudo, publicado em 14 de setembro na revista Nature Medicine, os cientistas monitoraram 10 indivíduos por mais de 35 anos.

A finalidade foi determinar a frequência com que eles foram infectados com os quatro coronavírus sazonais até então conhecidos.

Esses vírus conhecidos como HCoV-NL63, HCoV-229E, HCoV-OC43 e HCoV-HKU1 causam sintomas leves de resfriado comum ou nenhum sintoma.

Então, a equipe periodicamente examinou o sangue dos participantes em busca de anticorpos para realmente detectar novos casos de infecção.

Como foi realizado o monitoramento da infecção?

monitoramento da infecção

As amostras de sangue são analisadas e, se elas mostram um aumento no número de anticorpos direcionados a um vírus específico, em comparação com as amostras anteriores, isso significa que o sistema imunológico da pessoa está lutando contra uma nova infecção.

Logo, os pesquisadores determinaram o nível de mudança dos anticorpos até que a infecção seja confirmada, em vez de flutuação aleatória.

Em síntese, os novos dados mostram que a imunidade a outros coronavírus tende a ter vida curta, com reinfecções acontecendo com bastante frequência cerca de 12 meses depois. Em alguns casos, até mais cedo, diz o Dr. Francis Collins, diretor do National Institutes of Health (NIH), em um comentário sobre a pesquisa.

Análise do estudo

O estudo começou na década de 1980 e envolveu 10 participantes que faziam parte dos Amsterdam Cohort Studies sobre infecção por HIV-1 e AIDS. Eram estudos sobre a prevalência, incidência e fatores de risco para infecção por HIV.

Enfim, os participantes, todos HIV negativos, deram amostras de sangue a cada três a seis meses durante o estudo, fornecendo o total de 513 amostras.

Para o novo estudo, os autores revisaram essas amostras para infecções por coronavírus. Em particular, eles procuraram anticorpos que visam uma parte específica do nucleocapsídeo de cada vírus – a casca dura de proteína que envolve o material genético, conhecida como RNA.

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Com base nessa análise, a equipe descobriu que cada participante pegou de 3 a 17 infecções por coronavírus no período do estudo, com reinfecções ocorrendo a cada seis meses a oito anos e nove meses.

Entretanto, na maioria das vezes, a reinfecção de um coronavírus específico ocorreu cerca de um ano após a infecção anterior.

Portanto, os autores mostraram que reinfecções por infecção natural acontecem para todos os quatro coronavírus sazonais.

O que sugere que essa é uma característica comum para todos os coronavírus humanos, incluindo SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19.

Qual é a tendência?

Embora os autores não tenham estudado o SARS-CoV-2 em suas pesquisas, eles argumentam que a tendência observada entre os coronavírus comuns ainda pode se estender ao novo vírus.

Todos os coronavírus comuns pertencem a mesma família, mas são genética e biologicamente distintos. Portanto, quaisquer características compartilhadas entre os vírus podem ser representativas de todos os coronavírus humanos, incluindo o SARS-CoV-2, escreveram os autores.

Estudo publicado na Nature.

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