Como a exploração da Antártica afetou a sua biodiversidade

Mateus Marchetto
No dai 17 de novembro de 1820 o capitão Nathaniel Palmer foi a primeira pessoa a avistar a Antártica. Desde então, a biodiversidade da região sofreu muito pela exploração. Imagem: Pixabay

Há 200 anos o capitão americano Nathaniel Brow Palmer avistou pela primeira vez a Antártica. Desde então a exploração da Antártida tomou várias formas. Naquela época as viagens de exploração ainda eram feitas com barcos rudimentares, e as expedições eram extremamente perigosas. No entanto, o baleeiro Galina conseguiu sair inteiro da jornada, e com uma descoberta intrigante: um novo continente.

No entanto, há controvérsias sobre a descoberta do continente gelado. Isso porque o explorador russo Fabien Gottlieb von Bellingshausen e o inglês Edward Bransfield também alegaram ter avistado o continente no mesmo ano. De qualquer forma, Palmer acabou ficando mais conhecido pelo feito e acabou descobrindo ainda ilhas e estreitos na região da Antártica.

Nessa época, a indústria baleeira era uma das mais fortes do mundo. O óleo de baleia servia principalmente como combustível para lampiões. Contudo, a indústria aplicava esse composto também em lubrificantes de máquinas, sabão e até margarina. Outros animais como as focas e leões marinhos também eram caçados para extrair óleo e gorduras.

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Imagem: Angie Agostino/Pixabay

A biodiversidade da Antártica

Por mais que pareça só um grande deserto de gelo, a Antártica é um ambiente essencial para a biodiversidade. Mamíferos como focas, leões marinhos e elefantes marinhos dependem completamente das ilhas ao redor do continente gelado para se alimentarem e reproduzirem. Além disso, a Antártica ainda é um ambiente aquático extremamente rico.

As baleias, por exemplo, dependem desses ambientes frios para sua alimentação. O krill é uma espécie de crustáceo que parece com um camarão vive em águas geladas do sul e do norte do planeta. Esses pequenos camarões, inclusive, são a principal fonte de alimento de uma abundância de espécies de baleias.

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Imagem: Free-Photos/Pixabay

Além disso, muitas aves marinhas habitam as ilhas do Pacífico próximas aos blocos de gelo da Antártica. A Ilha da Geórgia do Sul, por exemplo, é um ecossistema essencial para a reprodução de aves marinhas e focas. Nessa região, inclusive, os pinguins são extremamente abundantes.

Não obstante, a Antártica é responsável por movimentar boa parte da indústria pesqueira mundial. Isso porque muitas espécies de peixe comercializadas pelo mundo dependem desse ambiente para a reprodução e mantimento da população. O krill, já citado anteriormente, também depende dessas águas frias para sobreviver.

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Imagem: Siggy Nowak/Pixabay

Como a exploração da Antártica acontecia e como é hoje

Poucos anos após a descoberta de Palmer, as terras geladas da Antártica já estavam servindo de território de caça. Como dito antes, as focas eram alvo pela sua gordura, bem como pela pele. Assim, esses animais foram levados à beira da extinção devido à caça extrema na região. Estima-se que, até 1833, sete milhões de focas foram mortas na Antártica. A população hoje em dia na região da Geórgia do Sul, aliás, é de em torno de 6 milhões de animais.

Além do mais, os leões e elefantes marinhos foram também seriamente ameaçados de extinção pela sua gordura – que produzia um óleo semelhante ao de baleia. Navios baleeiros também aproveitaram a presença das baleias no oceano próximo.

Após os anos 60 a população mundial se sensibilizou com a devastação da biodiversidade da região. A partir de 1961 o Tratado da Antártida ganhou força, estabelecendo um terreno neutro, livre de exploração mineral. Contudo, diversas espécies do Polo Sul continuam a ser caçadas e pescadas em níveis insustentáveis.

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