Pesquisadores encontraram proteína em um meteorito

Milena Elísios
Um meteorito datado de 10 mil anos. Imagem ilustrativa. (Créditos: Adolphe Pierre-Louis / AP)

Pela primeira vez na história pesquisadores encontraram proteína em um meteorito. Em um artigo de pré impressão publicado no ArXiv, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard e das empresas de biotecnologia PLEX Corporation e Bruker Scientific descrevem uma proteína encontrada dentro de meteorito.

“Este é o primeiro relatório de uma proteína de qualquer fonte extra-terrestre”, afirmou a equipe em seu artigo.

As proteínas são moléculas orgânicas compostas de blocos de construção denominados aminoácidos. Os aminoácidos são uma espécie de fonte de combustível de alta energia e eles compõe a maioria das células biológicas. 

A estrutura geral de um aminoácido. (Imagem: GYassineMrabetTalk / Domínio público.)
Assim é a estrutura geral de um aminoácido. (Imagem: GYassineMrabetTalk / Domínio público.)

Em 2014, cientistas descobriram pela primeira vez aminoácidos – ou pelo menos moléculas muito semelhantes a aminoácidos – em Sagitário B2 (Sgr B2), uma nuvem interestelar a 27 mil anos-luz de distância da Terra. Essa nuvem também é conhecida como viveiro estelar, um tipo de nuvem interestelar que é preenchida com poeira e gás a pressões tão altas que as estrelas se formam. Durante esse processo, ocorrem reações químicas e podem formar moléculas orgânicas complexas, como o cianeto de isopropil.

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A descoberta foi muito importante, pois provou que o espaço interestelar é capaz de criar os tipos de moléculas que levaram à vida na Terra, como carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos.

Desde a descoberta destes aminoácidos em Sagitário B2 (Sgr B2) outras cadeias de aminoácidos também foram identificadas, mas nenhuma era grande ou organizada o suficiente para ser considerada uma proteína completa.

A proteína recém descoberta chama-se Hemolitina e contém ferro e lítio. Após uma análise detalhada em amostras vindas do meteorito batizado como Acfer 086, os cientistas descobriram que a proteína não possui origem terrestre, além disso seus blocos de construção diferiam quimicamente das proteínas terrestres.

Pesquisadores encontraram proteína em um meteorito. Na imagem está o modelo da molécula de hemolitina 2320 após minimização de energia MMFF. Superior: no modo de preenchimento de espaço; Centro: bola e taco; Parte inferior: visão ampliada das terminações de ferro, oxigênio e lítio. Branco = H; laranja = Li; cinza = C; azul = N; vermelho = O e verde = Fe. As ligações de hidrogênio são mostradas por linhas pontilhadas. (Créditos: Malcolm. W. McGeoch, Sergei Dikler, Julie EM McGeoch)
Pesquisadores encontraram proteína em um meteorito. Na imagem está o modelo da molécula de hemolitina 2320 após minimização de energia MMFF. Superior: no modo de preenchimento de espaço; Centro: bola e taco; Parte inferior: visão ampliada das terminações de ferro, oxigênio e lítio. Branco = H; laranja = Li; cinza = C; azul = N; vermelho = O e verde = Fe. As ligações de hidrogênio são mostradas por linhas pontilhadas. (Créditos: Malcolm. W. McGeoch, Sergei Dikler, Julie EM McGeoch)

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O artigo – que ainda não passou por uma revisão acadêmica e não foi publicado em uma revista científica – reforça a hipótese de que impactos de meteoritos poderiam ter contribuído para o desenvolvimento da vida na Terra. É possível que algumas das moléculas ou compostos necessários para a vida emergir e prosperar tenham sido entregues através de um bombardeio de rochas espaciais.

A pesquisa não foi capaz de determinar de onde essa proteína veio nem como se formou — mas os cientistas estão muito confiantes de que não veio daqui.

O artigo de pre impressão está disponível no ArXiv , clique aqui para acessá-lo.

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