Astrofísicos testemunham distorção do espaço-tempo

Damares Alves
Representação artística de uma estrela de nêutrons que gira rapidamente e de uma anã branca que causa uma distorção no tecido do espaço-tempo em torno de sua órbita. Crédito: Mark Myers, Centro de Excelência OzGrav ARC.

Há mais de um século Albert Einstein publicou a teoria da Relatividade Geral, que diz que a força da gravidade surge da distorção do espaço-tempo e que objetos, como o Sol e a Terra, alteram essa geometria. Agora, astrofísicos publicaram na revista Science um artigo que evidencia mais uma vez o fenômeno descrito por Einstein em 1915.

Há poucos mais de 19 anos, uma equipe liderada pelo professor Bailes da Universidade de Tecnologia de Swinburne – diretor do Centro de Excelência em Descoberta de Ondas Gravitacionais (OzGrav) da ARC – começou a observar duas estrelas girando em torno de si mesmas a velocidades incríveis. 

Uma das estrelas observadas pela equipe de Bailes é uma anã branca, que possui quase o mesmo tamanho da Terra, mas com uma densidade cerca de 300.000 vezes maior; a outra é uma estrela de nêutrons que, embora seja pequena, tem cerca de 100 bilhões de vezes a densidade da Terra.

Antes de a estrela entrar em colapso e se tornar uma estrela de nêutrons, há cerca de um milhão de anos, ela começou a expandir, eliminando o seu núcleo externo, que foi absorvido pela anã branca próxima. Esses detritos em queda fizeram a anã branca girar cada vez mais rápido.

Acontece que um pulsar em órbita em torno de uma anã branca apresenta uma oportunidade perfeita e provavelmente única de observar a distorção do espaço-tempo e explorar a teoria de Einstein em um novo regime ultra-relativístico.

Simulação mostra como o pulsar em órbita em torno de uma anã branca pode distorcer os espaço-tempo.

O Dr. Vivek Venkatraman Krishnan, autor principal do estudo, notou que o arrastamento de quadros de toda a órbita poderia explicar sua órbita inclinada e a equipe apresenta evidências convincentes em apoio a isso no artigo, mostrando mais uma vez que as previsões da teoria da Relatividade Geral estão corretas.

Essa foi uma notícia no mínimo entusiasmante para a equipe de Bailes, composta pelos pesquisadores Willem van Straten da Universidade de Tecnologia de Auckland e Ramesh Bhat da ICRAR-Curtin, que viajam todas as noites desde os anos 2000 para observar o universo através do Telescópio Parkes, na Austrália.

“Isso faz com que todas as noites e madrugadas valham a pena”, disse Bhat ao portal Phys.

O estudo foi publicado na revista Science, clique aqui para acessá-lo.

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