Calor do Vesúvio transformou cérebro de vítima em vidro

Erik Behenck

A última vez que o Vesúvio, na Itália, teve uma erupção foi em 1944. A mais grave delas aconteceu em 79 D.C, num período em que o Império Romano era muito forte. Uma descoberta mostra que a erupção do Monte Vesúvio transformou cérebro em vidro, fato confirmado por pesquisadores.

Os pesquisadores envolvidos neste caso tratam a descoberta como um caso único, embora existam presentes, quem sabe ainda a serem estudados, vindos da Segunda Guerra Mundial. Fato é que a erupção do Vesúvio segue até hoje entre as maiores catástrofes naturais da história.

A catástrofe de 79

A erupção de 79 foi uma das catástrofes vulcânicas mais conhecidas de todos os tempos. A cidade mais atingida foi Pompeia, mas sobrou também para Herculano, Estábia e Oplontis, além de várias outras comunidades menores que faziam parte do Império Romano. Hoje mais de 3 milhões de pessoas vivem em um raio de 20 quilômetros do Vesúvio.

O fenômeno climático causou uma nuvem com rochas, cinzas e fumaça, se espalhando por uma altura superior a 30 quilômetros, liberando energia centenas de milhares de vezes maior do que uma bomba atômica. A erupção do Monte Vesúvio transformou cérebro em vidro e deixou milhares de mortos, seja queimados ou pela inalação de gases tóxicos.

Muitas pessoas não conseguiram sair de suas casas ou barcos e acabaram morrendo queimadas, como foi o caso do corpo encontrado nesta descoberta. A onda de calor foi instantânea, com pouca chance de sobrevivência, ainda mais sem a existência de um meio de transporte veloz.

Quando aconteceu a pesquisa?

Durante a década de 1960, arqueólogo descobriram restos mortais de uma pessoa nas ruínas de Herculano, inclusive encontrava-se deitado em uma cama de madeira, envolvido por cinzas vulcânicas. A descoberta foi mostrada no The New England Journal of Medicine, a partir disso, pesquisadores italianos começaram a estudar o crânio.

Uma das revelações mais surpreendentes é de que a erupção do Monte Vesúvio transformou cérebro em vidro. Conforme as análises, o tecido cerebral enfrentou uma temperatura tão elevada que recebeu um processo conhecido como vitrificação. Esta parte do corpo humano raramente é encontrada, já que é uma das primeiras a se decompor.

O fragmento cerebral encontrado no crânio de uma pessoa romana. O calor do Vesúvio transformou o cérebro em vidro. (Imagem: Dr. Pier Paolo Petrone 2020)
O fragmento cerebral encontrado no crânio de uma pessoa romana. O calor do Vesúvio transformou o cérebro em vidro. (Imagem: Dr. Pier Paolo Petrone 2020)

A temperatura durante a erupção, uma época em que podemos dizer, chovia fogo naquela região da Itália, chegava aos 520ºC. É tão quente quanto a temperatura utilizada para a fabricação de vidro.

Como a erupção do Monte Vesúvio transformou cérebro em vidro?

O vidro é um material que possui diversas proteínas, sendo que algumas delas podem ser encontradas também nos tecidos do cérebro humano. Outro fator que levou os pesquisadores a investigarem o caso à fundo foi o fato de encontrarem ácidos graxos dentro do material, algo que é comum o cabelo das pessoas.

Os pesquisadores afirmam que essa é uma descoberta exclusiva, encontrada pela primeira vez. Porém, é preciso ressaltar que existem casos indicando a presença de cérebros de vidro em vítimas do bombardeio de Dresden, durante a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha. Naquele período a cidade foi atingida por 3.900 toneladas de explosivos.

Compartilhar