Descoberta inexplicável de um Buraco Negro com ciclo de 9 horas

Milena Elísios
(ESA)

Uma equipe de astrofísicos fez uma descoberta inexplicável, por ora: um buraco negro que possui um ciclo de luz de apenas 9 horas. É incomum porque, para a ciência, essa é a primeira detecção de emissões tão rápidas e constantes.

Localizado no centro da galáxia GSN 069, que fica a cerca de 250 milhões de anos-luz do nosso planeta, o buraco negro está ativo e a prova disso é o envio de um fluxo de luzes de raios-X a cada 9 horas para o espaço.

Em 2018, os pesquisadores descobriram que, entre esses picos, o buraco negro se tornava 100 vezes mais brilhante nos raios-X. Para essa tarefa, foi utilizado o telescópio XMM-Newton, da ESA.

“Os buracos negros gigantes piscam regularmente como uma vela, mas as mudanças rápidas e repetidas observadas na GSN 069 a partir de Dezembro são algo completamente novo”, disse o principal autor do estudo publicado na Nature, o astrônomo do Centro de Astrobiologia da Espanha Giovanni Miniutti. “Foi completamente inesperado.”

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Animação (acelerada) da curva de luminosidade do buraco negro. A cada 9 horas, o buraco negro passa por um pico de brilho nos raios-X. (ESA / XMM-Newton; G. Miniutti e M. Giustini)

Próximos passos para entender o fenômeno

Apesar dos descobridores de tal fenômeno não possuírem, ainda, uma explicação plausível, eles já levantaram hipóteses que podem indicar a causa da anomalia, que jamais havia sido observada por outros cientistas espaciais.

As possibilidades são várias, mas as que foram mais debatidas são as seguintes: pode haver algo massivo ou instabilidade no disco de acreção que fica no entorno do buraco negro; alguma coisa que esteja sobre o disco que faça com que matéria caia no buraco negro em padrão regular; a formação de uma nuvem de elétrons muito próxima ao buraco negro; ou outro algo massivo que esteja próximo do buraco negro que acaba perturbando o disco.

O padrão não é totalmente novo para a ciência, e pelo fato de ter sido observado agora, os cientistas acreditam que o fenômeno possa estar presente em parte dos buracos negros, por isso acreditam que algo possa estar, de alguma forma, criando essa influência de ciclos, que é, no mínimo, estranha.

Os cientistas envolvidos estão ansiosos para desvendar esse mistério, que pode nos mostrar que os buracos negros são ainda mais complexos do que imaginamos.

O artigo científico foi publicado na revista Nature e pode ser acessado aqui.

FONTES / TrustMyScience / nature.com/articles/s41586-019-1556-x

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