Copos menstruais são eficazes, mas há dúvidas quanto ao risco de choque tóxico

Damares Alves

Coletores menstruais são uma alternativa eficiente, ecológica e econômica para substituir os absorventes comuns. E eles vêm se popularizando cada vez mais, seja pelo custo-benefício ou pela busca por estilos de vidas sustentáveis e saudáveis.

Porém, até pouco tempo, haviam poucos estudos que comprovassem a sua segurança e eficácia. Felizmente, cientistas finalmente decidiram estudar melhor esse produto.

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Um estudo recente aponta que os copos menstruais podem ser tão eficazes quanto outros produtos de higiene feminina em evitar vazamentos, além de diminuir os riscos de desenvolver infecções bacterianas e não prejudicar a flora vaginal natural das mulheres.

Ainda assim, os estudos eram um tanto vagos, então pesquisadores da The Lancet Public Health publicaram essa semana um novo artigo que revisa o estudo anterior.
No novo estudo os pesquisadores não puderam determinar se os copos menstruais eram mais seguros do que os absorventes internos em relação ao risco de síndrome do choque tóxico (SCT) – uma condição rara, mas com risco de vida, relacionada ao uso de absorventes internos. De fato, os autores identificaram vários casos de SCT ligados a copos menstruais, embora o risco pareça baixo, disseram eles.

Esse estudo têm uma enorme importância, pois é uma das primeiras revisões científicas rigorosas a cerca dos coletores.

A síndrome do choque tóxico

Descrita pela primeira vez em 1978, essa é uma doença bastante rara, que pode atingir ambos os sexos e é caracterizada pelo conjunto de sintomas causado pelas toxinas de bactérias Gram-positivas, em especial a Staphylococcus aureus. Essas toxinas desencadeiam uma série de reações graves que podem culminar em insuficiência renal aguda e morte.

Grande parte dos casos de SCT foi associada ao uso de tampões, pois o acúmulo de sangue menstrual coletado por muitas horas e a composição dos absorventes internos usados antigamente favoreciam a proliferação da bactéria.

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Os materiais utilizados na fabricação dos copos menstruais – silicone, borracha ou látex – não favorecem a proliferação de bactérias como no caso dos tampões. Porém o uso prolongado pode sim abrir espaço para infecções, embora seja raro assim como acontece com os absorventes internos.

Por enquanto, os médicos geralmente recomendam que os usuários de copos menstruais tratem o produto de uma forma semelhante à que usariam um tampão – removendo e limpando a cada 8 horas.

A conclusão é que copos menstruais são de fato mais eficientes e econômicos que absorventes convencionais, porém ainda não é certo se eles podem ou não apresentar os mesmos riscos de contração da síndrome do choque tóxico (SCT).

 

Fontes / LiveScience / Drauzio Varella / BBC 

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