Cientistas podem ter descoberto “código da morte” que destrói o câncer

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Quando células normais se transformam em células cancerígenas, a inserção de um "código da morte" pode causar a autodestruição delas. Imagem: Medical News Today

Em estudo liderado pelo cientista Marcus E. Peter, da Northwestern University Feinberg School of Medicine, nos Estados Unidos, mostrou não apenas que certas moléculas de RNA podem matar células cancerosas, mas que elas também podem impedir a si mesmas de se tornarem resistentes ao tratamento.

“É como cometer suicídio esfaqueando a si mesmo, atirando em si mesmo e pulando de um prédio ao mesmo tempo. Você não pode sobreviver,” ilustrou Marcus.

No entanto, o mecanismo exato que fez com que as células cancerosas “cometessem suicídio” permanecia desconhecido – até agora. Dois novos estudos, conduzidos pelo mesmo pesquisador, descobriram um código que está incorporado no RNA e nos microRNAs de cada célula individual. O mecanismo pode ser responsável pela capacidade de autodestruição das células cancerosas.

A quimioterapia também pode desencadear as moléculas tóxicas de RNA e microRNA, mas os cientistas estão esperando usar o mecanismo de forma a evitar os efeitos colaterais da quimioterapia.

Marcus e sua equipe encontraram uma sequência de seis nucleotídeos contidos em RNAs pequenos que tornaram essas moléculas tóxicas para as células cancerosas. Um nucleotídeo é “a unidade estrutural básica e o bloco de construção do DNA” e RNA.

Antes dos pesquisadores chegarem a tal conclusão, foi necessário dois estudos, que posteriormente se aperfeiçoaram.

No primeiro estudo, eles descobriram que cerca de três por cento de todos os RNAs grandes podem ser “cortados” em pequenos pedaços que então agem como microRNAs tóxicos que podem matar o câncer.

No segundo estudo, a equipe testou quase 4.100 combinações possíveis diferentes de bases de nucleotide das seis nucleotídeos iniciais em uma tentativa de encontrar a combinação mais letal e mais tóxica.

“Baseado no que nós aprendemos nestes dois estudos, agora nós podemos projetar microRNAs artificiais que são muito mais poderosos em matar células de câncer do que os desenvolvidos pela natureza,” Marcus explicou. “Precisamos, definitivamente, transformar isto numa nova forma de terapia”.

A quimioterapia também pode desencadear os RNAs tóxicos, mas com efeitos colaterais. A intenção de Marcus e sua equipe, contudo, é fazer a própria natureza agir, sem influência direta de agentes artificialmente tóxicos, que poderiam causar outros tipos de cânceres.

“Meu objetivo não era criar uma substância tóxica artificial nova. Eu quero seguir a o caminho natural. Eu quero utilizar um mecanismo que a natureza desenvolveu,” disse.

FONTES / Medical News Today / DOI: 10.7554/eLife.29702

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