China estabelece novo recorde de fusão nuclear ao atingir temperaturas de 100 milhões de graus

Diógenes Henrique

O experimento foi realizado no Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST) no Instituto Hefei de Ciências Físicas da Academia Chinesa de Ciências (CASHIPS). A máquina atingiu temperaturas de mais de 100 milhões de graus Celsius (180 milhões de graus Fahrenheit), a temperatura na qual ocorre a fusão nuclear.

O EAST é um reator tokamak, que tem a forma de uma rosquinha (lembra um donut, aquela rosquinha arredondada com um furo no centro) e usa enormes correntes para girar o plasma dentro dele, confinando-o usando campos magnéticos. Outro tipo de reator, chamado de stellerator, que tem a forma de um donut retorcido para torcer os campos magnéticos.

Nos últimos anos, vários reatores de fusão experimentais mantiveram com sucesso um plasma por aproximadamente um minuto. O teste da China é particularmente significativo para as temperaturas que alcançou. O interior do nosso Sol atinge temperaturas de “apenas” 15 milhões de graus Celsius (27 milhões ºF). Mas, para dar o pontapé inicial na fusão nuclear em um reator aqui na Terra, são necessárias temperaturas cerca de sete vezes maiores.

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Imagem: Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST)/VCG Photo

“Se conseguirmos isso, a recompensa seria enorme”, observou o site ScienceAlert. “Ao contrário da fissão nuclear, com a qual a energia excedente vem do decaimento de átomos grandes em elementos menores, a fusão nuclear não tem como produto nenhum resíduo radioativo. De fato, o resultado final vem de se comprimir isótopos de hidrogênio e principalmente hélio”.

A China já havia estabelecido um recorde mundial de manutenção do plasma por 101,2 segundos no ano passado, e agora voltou seus esforços para elevar a temperatura dentro da máquina. O objetivo final será manter este plasma por um período de tempo indefinido, fornecendo assim uma fonte de energia limpa e praticamente ”infinita”.

A China faz parte de uma colaboração internacional conhecida como ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), juntamente com outros 34 países, para desenvolver um reator de fusão operacional. Os experimentos no EAST perseguem modos de tornar esse sonho uma realidade.

“O EAST, um dispositivo projetado e desenvolvido de forma independente por cientistas chineses de controlar a energia da fusão nuclear, está dando um a mais na direção de manter uma reação de fusão mais estável o maior tempo possível, e em uma temperatura ainda mais alta”, informou a CGTN, uma rede de notícias chinesa.

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