Exposto ao público o papiro que revela o “mistério” da construção da Grande Pirâmide

Diógenes Henrique

Um papiro que contém registros da construção da Grande Pirâmide de Gizé foi colocado em exibição pública no Museu Egípcio no Cairo. Trata-se do diário de trabalho de um encarregado que participou das obras faraônicas da construção da Grande Pirâmide.

Não foram os alienígenas, nem uma civilização antiga perdida nas névoas do tempo. As pirâmides foram construídas pelos egípcios. Isto está demonstrado pelo diário de trabalho de um ex-capataz que participou de obras faraônicas e que acabou com o “mistério” da construção da Grande Pirâmide de Gizé. O documento, encontrado em 2013 no Mar Vermelho, acaba de ser exposto ao público no Museu do Cairo. Após anos de exame cuidadoso, os documentos raros foram exibidos publicamente pela primeira vez.

A Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida como a Grande Pirâmide ou Pirâmide de Quéops, foi construída em homenagem ao faraó Quéops (ou Khu-fu), que reinou entre 2.551 e 2.528 AEC e é a maior das três pirâmides construídas no planalto de Gizé. Considerada como uma maravilha do mundo desde a antiguidade, a Grande Pirâmide mediu, quando foi construída, 146 metros, embora hoje sua altura tenha sido reduzida para 138 metros.

O diário de notas foi escrito em caracteres hieroglíficos em pedaços de papiro. Seu autor era um inspetor de obras chamado Mener, que segundo os arqueólogos Pierre Tallet e Gregory Marouard em um artigo publicado em 2014 na Near Estern Archaeology, “era responsável por uma equipe de cerca de 200 homens”.

Tallet e Marouard são os lideres de uma equipe de arqueólogos na França e no Egito e encontraram o registro do capataz no porto de Wadi al Jarfin, no Mar Vermelho, em 2013. O documento é datado de cerca de 4.500 anos, o que o torna o mais antigo papiro já descoberto no Egito.

“Durante um período de vários meses, o diário de obra relata na forma de um cronograma com duas colunas por dia, muitas operações relacionadas à construção da Grande Pirâmide de Quéops em Gizé e ao trabalho nas pedreiras de calcário na margem oposta do Nilo”, escreveram os pesquisadores Tallet e Marouard.

Os pesquisadores relataram que Merer escreveu essas notas durante o 27º ano do reinado de Quéops. Seus registros indicam que naquela época a Grande Pirâmide estava quase terminada e que grande parte do trabalho restante se concentrava na construção da camada de calcário que cobria a parte exterior da pirâmide.

A pedra calcária utilizada nessa cobertura externa, de acordo com o diário de obra, foi extraída em Tura, perto do Cairo moderno, e foi trazida para o local da pirâmide de barco ao longo do rio Nilo e de um sistema de canais. Uma viagem de barco entre Tura e o local da pirâmide levava quatro dias para ser concluída, de acordo com o antigo diário de obra, segundo Tallet e Marouard e equipes.

O diário de obras também diz que no 27º ano do reinado de Quéops a construção da Grande Pirâmide estava sendo supervisionada pelo vizir Ankhaf (também escrito por Ankhhaf), meio irmão de Quéops. Um vizir era um alto funcionário do antigo Egito que servia ao rei. Os papiros também revelaram que um dos títulos que Ankhaf possuía era de “chefe de todas as obras do rei”, escreveram Tallet e Marouard no artigo do periódico científico.

Embora no diário conste que Ankhaf estava no comando durante o 27º ano do faraó, muitos estudiosos acreditam que é possível que outra pessoa, possivelmente o vizir Hemiunu, tenha sido o encarregado da construção da pirâmide durante a primeira parte do reinado de Quéops.

No comunicado de imprensa, os representantes do museu não especificaram quanto tempo o diário de obra estará em exibição pública.

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