617 milhões de crianças e adolescentes não sabem ler e contar

Laura Franzolin

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) acaba de divulgar as estimativas mundiais sobre os índices educacionais mundiais e o resultado é alarmante: mais de 617 milhões de crianças e adolescentes não estão atingindo níveis mínimos de proficiência em leitura e matemática.

São mais de 387 milhões de crianças do Ensino Fundamental I (6 a 10 anos) e 230 milhões de adolescentes do Ensino Fundamental II (11 a 14 anos) que não conseguem ler ou realizar operações matemáticas básicas. Para o Instituto de Estatística da UNESCO, esta crise de aprendizagem pode comprometer o progresso na realização da Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Maior índice foi registrado na Ásia e na África

Na África subsaariana 202 milhões de crianças e adolescentes não estão aprendendo. O número fica ainda mais alarmante quando se torna conhecido que nove a cada dez crianças de 6 e 14 anos não possuem os níveis mínimos de conhecimento nas duas áreas mais importantes para o desenvolvimento humano, leitura e matemática. Já nas regiões sul e central da Ásia, 241 milhões foram identificados na mesma situação.

No restante da Ásia e na região norte da África, o número é de 122 milhões; na América Latina e no Caribe, são 35 milhões e, somando a América do Norte, Europa e Oceania, são mais 17 milhões de crianças e adolescentes que não sabem ler ou contar.

617 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 14 não sabem realizar operações matemáticas.
617 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 14 não sabem realizar operações matemáticas.

A maioria das crianças frequenta a escola

Outro dado alarmante divulgado é que dos 387 milhões de crianças que não conseguem ler ou contar, 262 milhões frequentam a escola. Já entre os adolescentes, foi identificado que dos 230 milhões, 137 milhões também estão matriculados. Para o Instituto de Estatística da UNESCO os dados apontam para três problemas comuns:

  • Má qualidade da educação básica;
  • Incapacidade de manter as crianças na escola ou dar-lhes a orientação necessária durante a carreira escolar;
  • Acesso limitado à escola, significando que as crianças que não estão na escola terão pouca ou nenhuma chance de estudar.

É preciso mais investimentos em educação

Para Silvia Montoya, diretora do Instituto de Estatística da UNESCO, o resultado mostra que não é suficiente que as crianças apenas frequentem a escola. “Os dados divulgados evidenciam que é preciso despertar no sentido de que são necessários mais investimentos para melhorar a qualidade da educação”, comentou.

Para ela, os governos precisam se comprometer a promover uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, garantindo oportunidades de aprendizagem para todos.

Fonte: More Than One-Half of Children and Adolescents Are Not Learning Worldwide

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