Conheça Diógenes de Sínope, o cínico que calou Platão

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O filósofo helenístico Diógenes de Sínope, viveu do ano 413 – 323 a.C., aluno de Antístenes (discípulo de Sócrates), de uma linha de pensamento Naturalista, foi destaque e símbolo do Cinismo pois tornou sua filosofia uma forma de viver radical. Seu mestre Antístenes, criador da escola Cínica (do grego Kynikos, cão, como os atenienses se referiam a eles como cães de rua, sem riquezas, e bens materiais), sua escola é o próprio mundo, ágoras, praças públicas, montes e campos. Mas Diógenes foi o maior destilador de pérolas em sua indiferença perante os valores da sociedade da qual fazia parte.

Sua jornada começa jovem, quando certa ocasião ingressa ao templo dos deuses, em sua cidade natal Sínope, a perguntar para o oráculo (os oráculos eram geralmente virgens dopadas).

Diógenes: – O que posso fazer para ganhar dinheiro?

Oráculo: – Tens que copiar a moeda.

Então, ele decide com seu pai falsificar a moeda, e logo é descoberto, julgado ao desterro e seu pai cadeia perpétua. Indo embora ele disse:

– Não me condenais ao desterro. Eu vos condeno a ficar.

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Em Atenas onde encontra Antístenes, fica maravilhado com tal simplicidade e sabedoria, porem é rechaçado como aluno, mas insiste dia e noite, até que o velho homem concorda em tratá-lo como um aluno. Antístenes cansado de ser seguido bateu em Diógenes com seu bastão de madeira que usava como muleta. Implacável, Diógenes disse:

– Golpeia, pois não acharás madeira tão dura que possa fazer-me desistir de conseguir que me digas alguma coisa, como me parece que é o teu dever.

Os Cínicos pregavam o desapego dos bens materiais, contestavam o matrimônio, a convivência em sociedade e se declaravam cidadãos do mundo.

Diógenes ia regularmente a Academia de Platão para importunar e perturbar. Uma vez Platão disse:

– O homem é um bípede sem penas!

Diógenes passa o dia a pensar, e tem a ideia de roubar uma galinha, dirigindo-se à escola de Platão, despenando o pobre galináceo até chegar, lança-o ao meio do salão e exclama apontando:

– Um humano! ! Um humano! !

– Um bípede sem penas!

Depois de todos rirem, Platão constrangido, finaliza:

– O homem é um bípede sem penas, das unhas chatas.

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Diógenes buscava um homem que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse conforme ela e que fosse feliz. Por isto de seu quadro pintado segurando uma lamparina, a iluminar sua procura.

– Gente muita, pessoas poucas.

"Quanto mais procuro por homens honestos, mais admiro meus cachorros. Diógenes de Sínope.
“Quanto mais procuro por homens honestos, mais admiro meus cachorros.” Diógenes de Sínope.

A felicidade deveria vir de dentro do homem e não do seu exterior. Às vezes era visto num momento de intimidade consigo mesmo, dentro de seu barril, para se desculpar, dizia:

– Se não é a dois, porque não sozinho.

Tinha o costume de fugir em embarcações pesqueiras para viajar o mundo, mas em uma delas, seu navio foi atacado por piratas em águas internacionais, capturado e leiloado como escravo, em seu leilão, a cada pessoa leiloada era perguntada sua profissão.

Leiloeiro, a um antes de Diógenes: – Qual a sua profissão?
Escravo: – Sou carpinteiro!

Logo, na vez de Diógenes a mesma pergunta, mas ele responde:

– Sou um ótimo amo! Se me comprar, serei um excelente dono!

Igualmente famosa é sua história com Alexandre da macedônia (ainda antes da guerra, não era chamado de “O Grande”), que, ao encontrá-lo, Alexandre solicitou que Diógenes pedisse o que quisesse e este pediu que Alexandre saísse de sua frente, pois estava tapando a luz do sol. Diógenes estava com esse ato demonstrando o quão pouco ele necessitava para viver bem conforme sua natureza. Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse:

– Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes.

Encontro de Alexandre da Macedônia e Diógenes de Sínope.
Encontro de Alexandre da Macedônia e Diógenes de Sínope.

Assim como Sócrates e Antístenes, Diógenes não escrevia nada, pois dizia ele: – Falar é uma virtude sem ensaios.

Por acreditar que a virtude era mais bem revelada na ação do que na teoria, sua vida consistiu duma campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais do que ele via como uma sociedade corrupta.

Sua teatralidade e tiradas sábias definitivamente são lendárias. Alguns escritores relatam sobre seus costumes de acumular lixo, viver em um barril e certa falta de higiene.

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O modo de viver de Diógenes inspirou a psiquiatria em 1975, a nomear um transtorno psiquiátrico de “Síndrome de Diógenes” (se bem um pouco contraditório referir a ele como uma pessoa com tais características), que se caracteriza pelo costume de acumular objetos inúteis e sem valor, recolher e acumular lixo e até dejetos.

A acumulação compulsiva de objetos é um dos sintomas de um tipo especifico de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), chamado de S. de Diógenes, se caracteriza não só pela acumulação de objetos inúteis e lixo, mas também pela dificuldade de livrar-se de objetos.

Entretanto, é preciso saber distinguir o Transtorno de Colecionamento, que não é patológico e sim um hobby de colecionador.

Os sintomas são: isolamento social, acumular sujeira no ambiente e passar a acumular objetos inúteis. Se sentem irritados e incomodados quando alguém se disponibiliza para arrumar e limpar o lugar. Sem a desordem e o caos, dizem se sentir perdidos e com sensação de perda.

Mesmo tendo tido a liberdade como prêmio pelo seu valor intelectual, preferiu as ruas, local onde ele, através de puro cinismo, tentava combater a concupiscência, a luxúria e a corrupção, no mais amplo sentido. Sua vida Inspirou escritores como Roberto Bolaños a criar o personagem Chaves, influenciar diretamente o Estoicismo, era livre em seu próprio pensamento, crítico, pois das críticas se revertem erros.
– O tempo é o espelho da eternidade.

Fontes:

– Livro:

  1.  NAVIA, Luis E. Diógenes, O Cínico. Tradução de João Miguel Moreira Auto, tradução do texto grego Luiz Alberto Machado Cabral. São Paulo: Odysseus, 2009.

– Sites:

  1. http://www.nueva-acropolis.es/es/filosofia/310-humor/13534-anecdotas-de-diogenes-de-sinope
  2. http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=30

 

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